news boa imagemCompromisso social, romper paradigmas, buscando um novo protocolo nas relações com clientes, empregados, acionistas e sociedade, diante da nova realidade das mídias sociais; estratégia de negócios integrada à da comunicação; inovação, o que significa ruptura com a burocracia, o conservadorismo para gerar um ciclo virtuoso de criatividade; foco mais nas pessoas e menos na parafernália tecnológica. Estes pressupostos emergiram do Congresso Mega Brasil de Comunicação 2013 , realizado em S. Paulo na semana passada.

Tudo isso parece óbvio. Mas não é bem o que mostram eventuais pesquisas apresentadas em algumas das 27 palestras e seis conferências nos três dias do Congresso, quando se descobre que a maioria dos CEOs ainda encara a internet e as mídias sociais como um tema da área de comunicação. Quando, efetivamente, se trata de um instrumento estratégico da equipe de negócios.

A reputação cada vez mais se firma como o ativo mais importante da organização, a ponto de a comunicação precisar se integrar e desenvolver competências na área de relações com investidores, responsável pelo valor de mercado da organização. As empresas se aventuram no mercado, prometem o paraíso e depois não entregam. Onde vai bater a cobrança?

Nesse aspecto, outros valores apareceram nas palestras como fundamentais: transparência, replicabilidade, clareza, acesso total à informação, um diferencial presente e primordial nas organizações ou governos que despontam no mercado com a marca da modernidade e da inovação. “O livre fluxo de informações cria espíritos mais livres”, ensina Rachel Mello, via Groysberg e Slind, da HBR. Mas por que a “era da perplexidade”?

Porque não há mais tempo para se discutir ou sequer experimentar fórmulas antigas de relacionamento com os empregados e, menos ainda, com os clientes. Inovação significa risco, até porque “se você não está preparado para estar errado, você nunca fará nada inovador”. Por isso, é bom dar uma olhada no que fazem as empresas inovadoras do século XXI.

“A cada dois dias geramos a quantidade de informação correspondente a toda a Humanidade até 2003”, alerta Martha Gabriel, uma das palestrantes que, junto com Graça Taguti, Gil Giardelli, Risoletta Miranda, Bob Bejan, Rodrigo Azevedo, Manoel Fernandes, Lala Aranha, Flávio Pestana, entre outros, se não deixaram os participantes perplexos, certamente os fizeram voltar às empresas bastante preocupados. O bem mais valioso é a atenção. E como despertá-la nos empregados, clientes, na sociedade, na era da conectividade, da hiper-conexão, em que preterimos o conhecimento pelo consumo obsoleto e descartável ?  Quando qualquer cidadão se emponderou da capacidade de se transformar em veículo de comunicação?

“Há uma revolução acontecendo e é difícil perceber, pois as revoluções demoram mais de uma semana”, apareceu numa palestra. A descentralização é a característica do novo cenário, segundo o futurista Ray Kurzweil.  E a atividade dos relações públicas, que no Brasil engloba hoje todo o espectro da comunicação organizacional, está na fronteira do engajamento da audiência e do marketing inteligente, como disse a VP da Weber Shandwick, Allyson Hugley.

Para quem está preocupado com o tsunami das redes sociais, os palestrantes, em sua maioria, alertam: é preciso revisitar a mídia tradicional e não desprezá-la. Avaliar os silos da mídia tradicional e social, porque as grandes corporações de mídia pegam as histórias e replicam em blogs e outras redes, havendo uma interconexão entre essas mídias com fronteiras bastante complicadas.  

Não há como navegar neste mar, sem informação e dados. Foi por isso que Obama triturou a campanha milionária de Romney, perdido em meio a dados defasados. Pensar dados como investimento e não custos. Mas não confundir dados com conhecimento ou inteligência. Para isso entenda as necessidades do insight humano. O capital humano também apareceu como um valor cada vez mais precioso das corporações em pesquisa com 100 jornalistas brasileiros.

Entre tantos inputs interessantes e – por que não dizer – imprescindíveis ao comunicador brasileiro, que emergiram do Congresso da Mega Brasil, desponta o que parece ser o dilema do pensador do século XXI: o tempo. Há o tempo! As tecnologias vieram para facilitar a vida. Liberar-nos para outras atividades. Acabaram criando um paradoxo. Não temos mais tempo. Só o comprometimento irá nos motivar. É preciso um novo pacto para não confundir acesso à informação e aos gadgets modernos com geração do conhecimento. Como disse Francisco Viana, “o comunicador não briga com o tempo. Aprende com ele”.

Não sendo assim, continuaremos perplexos diante de tanta informação para processar, metas a cumprir, exigências e apelos pessoais e profissionais, sem eleger prioridades. Talvez, repetiram vários palestrantes, esteja na hora de repensarmos nossos valores e até mesmo nossas opções de vida para não virarmos uma “persona digital”. Caso contrário, conclui o Procurador Marcio Lauria, “toda a perplexidade que se perpetua, vira estupidez.”

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