filas em aeroportosO acidente na semana passada de um avião cargueiro MD-11 da empresa Centurion, no Aeroporto de Viracopos, mostra como um problema, aparentemente pequeno, pode provocar crises em série, transformadas numa crise grave para o país.  O transtorno seria simples se fosse analisado apenas sob o prisma da empresa dona do avião.

O pneu do cargueiro estourou durante o pouso no aeroporto e o pesado avião ficou lá estatelado na pista, sem poder se locomover. Milhares de pessoas ficaram reféns do acidente. 

Segundo os especialistas em aeroportos, apenas um incidente.  Entretanto, esse “incidente” como queira o jargão aeronáutico, com um avião de quase 70 toneladas, na pista do aeroporto de Viracopos, causou uma grave crise no transporte aéreo do país. A mais atingida foi a empresa Azul, com toda a base operacional em Campinas, além de outras empresas que não puderam decolar ou pousar, pela interrupção da pista do aeroporto.

A obstrução causou o cancelamento de 507 voos no país, 470 deles da Azul. Empresas estimam o prejuízo em R$ 20 milhões. Se as empresas aéreas contabilizam prejuízos, 30 mil passageiros e outras empresas, que transportam mercadorias pelo aeroporto (o segundo mais movimentado em carga aérea no país) ou dependem dele para outros serviços, também tiveram. Compromissos perdidos ou transferidos, o que significa perdas financeiras e negócios cancelados. Exportações e importações que deixaram de ser realizadas.

A  Anac multou a Centurion em R$ 2,8 milhões. Mas e daí? Essa multa, que implicará recurso, se e quando for paga ressarcirá os prejuízos das empresas e de milhares de passageiros? Evidente que não. Ficou claro nesse “incidente”, o risco a que o país está sujeito, tanto agora quanto nos grandes eventos internacionais, de parar por causa de interrupção de uma pista num grande aeroporto.

No Brasil, somente os aeroportos de Brasília, Natal, Rio (Galeão e Santos Dumont), São Paulo (Guarulhos e Congonhas), Curitiba e Salvador têm duas pistas. Todos os demais dependem de uma única pista para operação.  

No episódio, ficou evidente a falta de prevenção de crise. A empresa e a Infraero precisaram 45 horas para desimpedir a pista. Se alguém contar essa história no exterior, principalmente em cidades bem servidas por aeroportos, poderá parecer piada. Mas é uma triste verdade. Governantes e candidatos correram para comemorar sorteio do Brasil para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas. Esqueceram que para fazer megaeventos é preciso também ter pistas de pouso. E ser rápido na solução das crises, até mesmo as pequenas.

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