Amanda ToddMais um caso de bullying acaba em tragédia. A estudante canadense de 15 anos Amanda Todd colocou um vídeo no You Tube pedindo ajuda, durante um mês, antes de suicidar-se em sua casa, no Canadá. “Não tenho nada. Necessito de alguém. Me chamo Amanda Todd”.

O pedido de socorro foi feito por meio de pequenos cartazes, mostradas no You Tube, sem dizer uma só palavra. Foi como contou sua história. Tudo começou quando tinha 12 anos, ao se corresponder com um estranho na internet, que a convenceu a fazer um topless na câmera. Não satisfeito, o assediador começou a segui-la virtualmente, passando a ameaçá-la por meio do Facebook.

Na mensagem,  ele pedia para ela se desnudar na frente da câmera, caso contrário suas primeiras fotos iriam parar na web. O chantageador cumpriu a ameaça e as fotos com os peitos nus acabaram no Facebook. Em um ano, as fotografias começaram também a ser vazadas para amigos e familiares.

A vida da cheerleader do Vancouver All Stars virou um inferno, a partir daí. Nesse meio tempo, ela também sofreu bullying de colegas e parentes e chegou a ser espancada, na saída do colégio, por um grupo de 50 estudantes. Começou a entrar em depressão.

Amanda mudou de escola diversas vezes. Vivia com a mãe em Port Coquitlam. O pai morava a 15 quilômetros, em outra cidade. Desesperada, encontrou um jeito de desabafar, por meio do You Tube, postando mensagens nas quais não falava, somente mostrava os cartazetes. “Todo dia penso por que ainda estou aqui? Não tenho ninguém. Preciso de alguém = (Meu nome é Amanda Todd), dizia um cartaz.

Ela foi encontrada enforcada em sua casa, em 10 de outubro último. O vídeo foi visto por sete milhões de pessoas logo após a tragédia. Apesar de ser uma tragédia anunciada, o país ficou chocado com o suicídio da adolescente. Mesmo mudando de cidade e de colégio, continuou sendo perseguida pelo escândalo, pela vergonha e pelo chantageador. Nada adiantou.

Ela conta nas mensagens que teve ataque de pânico, depressão e já havia tentado suicídio. Foi literalmente banida da escola e da vida social por aqueles que decidiram julgá-la pelas fotos, sem saber sua história.

O covarde bullying e o desespero da adolescente, ao tempo que traz um sério alerta a escolas, professores e pais, mostra como as redes sociais também criaram um novo tipo de julgamento. Fruto da sociedade egoísta, auto-referencial, do consumo rápido da informação, por impulso. Da condenação prematura, inconsequente e irresponsável, sem motivos aparentes. Um efeito manada, semelhante ao das turbas que invadem, quebram e incendeiam, porque alguém começou. O bullying por meio das redes segue a mesma dinâmica. As pessoas aderem, porque os outros aderiram. Não importam quem nem o que vai acontecer. 

“São crianças que se sentem sozinhas, mesmo numa multidão. Os vídeos são um pedido de socorro”, diz Allan Beane, diretor do Free Bully Program, citado em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. O diretor acrescenta: “O bullying começa a se tornar não apenas um problema nas escolas, assume contornos de problema social.”

Pelo choque da sociedade canadense com o drama de Amanda Todd, o deputado social-democrata Dany Morin, apresentou uma moção ao Parlamento para “prevenir e ajudar aqueles que são vítimas de assédio por bullying, tanto nos colégios quanto na internet”.

Gestores escolares falham

Em março, uma estudante da Maryland High School, nos Estados Unidos, alertou nas redes sociais que havia cyber bullyng no colégio. A estudante que assinava as mensagens como Sarah desabafou: “O cyber bullying chegou ao ponto em que a escola não tomará nenhuma ação, a menos que eu me suicide”. E na rede social Reddit, ela também pediu socorro: “Como fazer com que minha história seja conhecida e faça isso parar?”

Nos desabafos publicados, a estudante alega que os administradores da escola continuamente falham em levar em conta as queixas dela e de outros estudantes, quando rapazes atacam pessoalmente ou por meio das redes sociais os demais colegas. Ela cita especificamente temas ligados à diversidade sexual por um aluno, em particular.

"Eu não estou pedindo terapia, mas ajuda para poder ganhar um tempo”, escreveu a menina na rede. “Deste o começo do ano letivo, eu tenho sido molestada tanto pessoalmente quanto online por bully na escola.” O grito de socorro veio numa contundente manifestação: “O bullying não é importante para a escola, a menos que eu morra”. Não menos pior foram as manifestações nas redes sociais com comentários ofensivos à menina. Alguns até duvidam da existência dela e da procedência das denúncias.

Qual o alerta de histórias semelhantes que acontecem todos os dias? Nos casos de bullying a incapacidade das escolas e autoridades de intervir e dar um ajuda a centenas de jovens que passam por problemas semelhantes, mas sofrem calados. Na maioria dos casos, nem os pais ou parentes ficam sabendo.  A menina postou na rede que os administradores escolares não estão trabalhando com ela e nem com outros estudantes para encontrar uma solução a esse recorrente problema e nem têm planos de prevenir o cyber bullying e as queixas dos denunciantes.

"Os administradores das escolas deveriam estar aptos a fazer algo sobre isso, que pode ser surpreendente, porque eu não estava esperando”, afirmou.  “Estou chocada que muitos funcionários das escolas estejam agora aprendendo a lidar com esse caso, mas eu sei que eles sabem: todos sabem. Nada pode acontecer imediatamente, mas o processo está começando e as consequências acontecerão.”

Um estudo feito na Grã-Bretanha, citado por Melissa Agnes em seu Blog, constatou que pelo menos metade dos suicídios entre jovens são relacionados ao bullying. A estatística foi publicada no BullyingStatistics.org. E que "suicídio é a terceira maior causa de morte entre jovens, resultando em cerca de 4.400 óbitos por ano, de acordo com instituições que pesquisam os casos. Para cada suicídio entre pessoas jovens, há pelo menos 100 tentativas de suicídio. Cerca de 14% dos estudantes da High School já pensaram em suicídio, e quase 7% fizeram tentativas de atentar contra a própria vida. 

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