criseCursos de Media Training se destinam a preparar executivos e demais fontes para entrevistas e para cultivar um bom relacionamento com a mídia. O curso desmistifica alguns conceitos sobre imprensa, muitos deles resultado de estereótipos criados pela cultura fechada das empresas brasileiras e, principalmente, de certos executivos e autoridades que pensam poder conviver no mercado e em cargos públicos, sem a presença da imprensa.

Mas, e as entrevistas em situações de crise? Quem fez o Media Training está preparado para essa situação que foge do padrão normal? A fonte foi alertada de como falar quando a organização está sob bombardeio da mídia, por causa de uma crise grave?

O jornalista Brad Phillips, do site Mr. Media Training, contou a história de um colega, veterano câmera da ABC News e da CBS, que o acompanha em treinamentos para ensinar aos executivos a melhor maneira de como se comportar numa entrevista de imprensa, após uma crise grave.

Esse colega, escudado na experiência de centenas de entrevistas que cobriu, por longos anos, ofereceu ao autor do artigo uma visão desse embate entre organizações atingidas por crises versus a imprensa, nas entrevistas. Na visão desse veterano profissional, “a primeira entrevista numa crise é a mais difícil, porque o porta-voz, muitas vezes, tem que enfrentar a selvagem especulação das corporações da mídia”.

Uma das mais importantes missões que você tem durante a primeira entrevista de crise, diz ele, é “limitar o foco” e “debater a informação”. A dica dada pelo experiente câmera, em apenas duas e simples locuções, traz grandes ensinamentos para quem se preparara para a árdua missão de enfrentar a imprensa numa situação de crise.

Uma vez que a organização ou o porta-voz se dispoem a receber a imprensa, para uma entrevista, devem se preparar, porque a mídia não vai ser boazinha. Ela vai explorar a crise no limite. Se uma fonte precisa estar preparada para qualquer entrevista, deve redobrar a preparação, treinar e treinar muito, se quiser um mínimo de tranquilidade, na hora de dar a versão sobre a crise.

Outro conselho. Procurar focar as informações principais no começo da história. “Porta-vozes que conseguiram com sucesso limitar o foco, no início, ajudaram a reduzir a desinformação e a imprecisão no relato posterior da crise. Mas aqueles que não conseguiram sucesso na limitação do foco, de maneira a produzir uma mensagem clara e com credibilidade, reduzindo os rumores, no início, irão achar que a cobertura de notícias futuras (e as subsequentes entrevistas à imprensa) sofrerão as consequências”.

Essa entrevista, principalmente se for a primeira após a ocorrência do evento, é decisiva para o fracasso ou o sucesso da estratégia de gestão da crise. Se o porta-voz foi mal, não conseguiu explicar direito a crise, titubeou ou foi evasivo, sem responder às perguntas, há grande possibilidade de que essa seja a versão definitiva da organização para aquela crise. Será muito difícil consertar informações truncadas ou mal compreendidas, depois dessa versão ir para o ar.

Há outros alertas para a primeira entrevista de crise, um deles sobre os riscos de empresas ou agências, que escondem informações da imprensa, nas primeiras entrevistas, logo que a crise estoura. Provavelmente, elas terão de enfrentar depois uma disposição antagônica da mídia. Essa atitude será muito difícil ser consertada no futuro.  

A imprensa até pode ocasionalmente dar o benefício da dúvida aos porta-vozes nos estágios iniciais de uma crise, mas seguir linhas mais agressivas de questionamentos, assim que os porta-vozes comecem a parecer incompetentes, claudicantes ou hipócritas. A mídia não gosta de fontes inseguras. Ela quer respostas firmes, consistentes, definitivas. E muitas vezes é difícil ter essas respostas no limiar de uma crise.

Quando a explicação enterra a crise

No início de agosto, destaca o articulista, o aeroporto de San Antonio, no Texas, foi fechado por “uma ameaça de bomba bastante real”. E foi necessária uma entrevista para explicar o transtorno. Ele ficou impressionado com a facilidade e competência com que as autoridades anunciaram o evento e conduziram a comunicação.  

"Foi impressionante como todas as agências estavam muito bem coordenadas na sua mensagem - segurança pública em primeiro lugar - e evitaram detalhes sobre a ameaça especificamente e sobre outras ações, que envolviam veículos ou cães farejadores”. Naquele momento, nem todas as informações eram relevantes para construir a resposta de uma situação iminente de crise.

“Para minha surpresa, os repórteres da estação de rádio não fizeram nenhuma pergunta ou contestaram quaisquer das informações prestadas. Em vez disso, a rádio principal pediu ao escritório de informação à imprensa que os chamassem de volta, quando tivessem alguma atualização. Interessante? Ou talvez a mídia facilmente se renda, quando a informação flui com facilidade e conta a história de maneira convincente?" pergunta o articulista.

O artigo sugere que nos cursos de Media Training possa se começar perguntando às fontes “Qual é a melhor maneira de limitar o foco da história para a mídia”?  Limitar não significa minimizar, fantasiar, tergiversar ou, pior, tentar enganar. Limitar o foco do tema para a mídia quer dizer não ser dispersivo, evitar uma longa história para explicar três ou quatro pontos.

Boa dica é pedir à assessoria de comunicação preparar um “statement” para ser utilizado no contato direto com a mídia, tanto faz se for entrevista exclusiva ou coletiva. Esse “statement” deve conter uma mensagem de abertura; depois, de três a cinco pontos com as últimas informações sobre a crise, para ser repassada aos jornalistas; o terceiro item seria enumerar três ou quatro pontos positivos, se existir, no evento; e terminar o encontro com a imprensa com uma conclusão.

Não esquecer que esse roteiro é para ser utilizado na entrevista, no caso de ainda não ter todas as informações sobre a crise. É a informação inicial e tempestiva que irá suprir a sede dos jornalistas por alguma informação naquele momento.  O gap da informação nessa hora dá margem à especulações, versões erradas e prejudica a imagem.  Com informações mais consistentes, seria construída, posteriormente, uma boa Nota à imprensa, centralizando todos os dados sobre o fato negativo.

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