refugiados da malasia desespero"Discriminados na terra de onde vêm, abandonados, vítimas de um “jogo do empurra” entre países da região, milhares de refugiados e imigrantes estão à deriva no sudeste asiático, em barcos que são verdadeiras prisões flutuantes”. (Publico, Lisboa)

Nas últimas semanas, o mundo tem assistido cenas que poderiam fazer parte de um filme de horror ou de catástrofe. Não é necessário ler nada sobre o tema. Basta ver as fotos, elas falam por si: mães desesperadas, mal conseguindo ficar em pé, pedindo por favor água e comida para os filhos. Crianças, com olhar de doentes e famintos, à beira dos barcos implorando por algum alimento.

São milhares de pessoas desesperadas, que fugiram de países pobres do Sudeste Asiático, principalmente Myanmar e Bangladesh, tentando achar um porto que as abrigue e alimente. Há dois meses homens, mulheres e crianças, famintos, esquálidos vagam no mar, após terem fugido de perseguição política ou da falta de opção nos países de origem.

“Existem pessoas que estão bebendo a própria urina. Lançamos garrafas de água, tudo o que temos a bordo”, contou Jonathan Head, da BBC, um dos repórteres que, numa tarde de quinta-feira da semana passada se aproximou de um barco à deriva, carregado com mais de 300 pessoas, muitas mulheres e crianças, na costa da Tailândia. Este é apenas um dos retratos vivos de milhares que saíram em busca de um país para viver.

“Somos rohingyas da Birmânia”, dizia uma bandeira preta erguida no barco. Rejeitados e discriminados no próprio país, abandonados no mar e vítimas de um jogo do empurra entre países da região que os repelem. Esse o drama de uma das correntes migratórias que chocou o mundo, pela insensibilidade dos governos dos países que eles procuraram, entre tantas outras levas de imigrantes que neste momento procuram um destino no mundo.

Num barco abordado por jornalistas, os passageiros disseram que eles estavam no barco extremamente frágil há três meses e que o capitão e a tripulação os havia abandonado seis dias atrás. Dez passageiros morreram durante a viagem e seus corpos foram jogados ao mar, disse um passageiro.

“Eu estou com muita fome,” disse um jovem de 15 anos, Mohamed Siraj, que afirmou ser natural de Myanmar. “Por favor, ajude-nos rapidamente”, dizia.

Segundo o The Guardian, a saga desse barco é um dramatico exemplo da crise de migração que afeta aquela região: estima-se que entre 6 mil a 20 mil migrantes estão no mar, fugindo da perseguição étcnica em Myanmar e da pobreza em Bangladesh, enquanto os dois países da região apontam os dedos um para o outro fugindo de assumir responsabilidade sobre o drama dos migrantes.

A ONU diz que atualmente vivemos o maior deslocamento de pessoas, que fogem da guerra, da fome, da discriminação de vários países, tentando chegar a um porto seguro, pelos meios mais diferentes e arriscados, como os milhares de refugiados da África, que tentam chegar à Europa.

Os líderes europeus não parecem muito sensibilizados. A Grã-Bretanha, que não quer receber imigrantes, defendeu o bombardeio dos barcos dos contrabandistas de seres humanos, como forma de inibir viagens suicidas pelo Mediterrâneo.  A Organização Internacional para as Migrações estima em cerca de oito mil outros os refugiados e imigrantes que estão nos mares do sudeste asiático, abandonados à própria sorte.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados alertou para o risco de um “desastre humanitário massivo”.

Foto: Christophe Archambault/Agence France-Presse

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