leiteO Ministério Público do RS autorizou a prisão de oito pessoas que faziam parte de um esquema de adulteração de leite no estado. Eles pertenciam a transportadoras que adulteravam o leite com água, uréia e formol, para aumentar a quantidade, distribuído a empresas de laticínios da região.

O leite era distribuído no Rio G.do Sul, Paraná e S. Paulo. Até a água adicionada era de péssima qualidade, proveniente de um de um poço artesiano clandestino. A Promotoria do Consumidor de Porto Alegre identificou os fabricantes dos lotes de leite que apresentaram acréscimo de ureia na bebida. A substância tem formol, considerado um produto cancerígeno. Foram coletadas amostras durante três meses em supermercados da Capital. Houve a identificação de ureia em 14 lotes.

As investigações apuraram que cinco empresas de transporte de leite adulteraram o produto cru entregue para a indústria. Nesta quarta-feira pela manhã (8), o Ministério Público gaúcho desencadeou a Operação "Leite Compen$ado", com o cumprimento de nove mandados de prisão e treze de busca e apreensão nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina.

Segundo o promotor Alcindo Bastos Filho, estão sendo encaminhados inquéritos civis e será buscada reparação de dano à população. Foi determinado que as empresas retirassem o produto do mercado. No entanto, quem tiver em casa ou no seu estabelecimento algum dos produtos dos lotes abaixo deve comunicar o Ministério Público pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. O leite não deve ser consumido.

Ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre, o promotor do caso informou não ter identificado má-fé das indústrias, mas afirma que deveriam fazer uma análise após o transporte do leite para identificar a substância adicionada. Alcindo Bastos Filho defende que é preciso maior fiscalização do transportador, observando que não há norma específica que exija isso.

A fiscalização informou os lotes que devem ser descartados Italac Integral (Lotes L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1);Italac Semidesnatado (L12KM1); Bom Gosto/Líder UHT Integral (lote TAP1MB);Mumu UHT Integral (lote 3ARC); Latvida UHT Desnatado (com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013).

O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Pagliarini, disse em entrevista à Rádio Gaúcha que recebeu informações sobre a adulteração ainda em janeiro, e informou ao Ministério da Agricultura.

"As empresas são vítimas desse processo. O sindicato tentou agir para coibir essa fraude. Já foi feito o recall desses produtos, e não existem mais os lotes nos supermercados. Quanto à quantidade de formol, nem o ministério tem a resposta", disse Pagliarini.

Os culpados

Uma das empresas que recebia o leite contaminado, indiretamente vítima da fraude, também tem outras irregularidades. A LatVida está proibida de comercializar qualquer produto derivado do leite a partir de hoje. A decisão foi tomada após o descumprimento, por parte da companhia, da determinação que vedava a venda de leite UHT a partir de primeiro de abril.

A exemplo do que aconteceu com a carne bovina, misturada com carne de cavalo na Europa, embora os fornecedores não tenham uma culpa direta pela fraude, eles, em última instância, são responsáveis pelo produto que vendem. Não há como sair dum episódio desses sem ser chamuscado. As marcas certamente perderão mercado e serão lembradas como as que durante determinado período venderam leite contaminado.

Mesmo que a fraude tenha sido na cadeia de distribuição, o distribuidor é o responsável pelo produto que entrega. No Reino Unido, os supermercados, bastante constrangidos, pediram desculpas à população por terem oferecido bifes, almôndegas e outros produtos contendo carne de boi, que depois se descobriu conter DNA de cavalo. As fraudes ocorriam nos frigoríficos. Os supermercados assumiram o problema e emitiram carta e comunicados com “sinceras desculpas” aos clientes que confiaram nos seus produtos, mas acabaram levando produto com mistura de j cavalo por boi.

O presidente do sindicato das empresas de produos lácteos, disse hoje à CBN que a adulteração é um caso grave e que os envolvidos deveriam pagar pelo crime. Mas ele não acredita em prisão, porque ninguém vai preso no país por crimes dessa natureza, mas confia no prejuízo financeiro, a melhor pena que pode ser aplicada aos fraudadores e às empresas que não fiscalizaram. Ele disse que compete às indústrias ter mecanismos de análise da qualidade do leite que vendem com suas marcas.

Em 2007, várias cooperativas de Minas Gerais foram envolvidas num esquema de fraude, denunciadas na operação chamada “Ouro branco”, elas adicionavam soda cáustica e água oxigenada no leite para mascarar o produto fraudado.  Ainda sobre contaminação de alimentos, em 2011, a multinacional PepsiCo teve que explicar uma crise envolvendo o achocolatado Toddynho, que teve embalagens enviadas ao Rio Grande do Sul contaminadas com produtos químicos, na lavagem dos tanques.

Em março, foi a vez da Unilever enfrentar problemas com o suco Ades, também com lotes contaminado no processo de envasamento, na fábrica em Pouso Alegre-MG. Lotes do produto distribuídos aos supermercados continham substância prejudicial à saúde.

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