sergio machadoA delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que caiu em Brasília como um tsunami, pode dar a impressão de que esse senhor repentinamente se transformou num herói, porque teve a coragem de revelar segredos da alcova do poder dos últimos 20 anos. E expôs como as empresas estatais se transformaram em  polpudos cofres destinados a enriquecer partidos e caciques das mais diferentes agremiações.

Com isso, corremos o risco de transformar criminosos e ladrões em heróis nacionais, num país tão carente de líderes e referências. Seria bom dar o peso devido a esses delatores, não importa o que tenham sido, que só concordam em falar após experimentarem o aperto de um camburão da Polícia Federal, as duras camas e o frio de Curitiba e a perspectiva de, grande parte deles, morrerem na prisão.

É o caso do “novo herói nacional” Sérgio Machado. Com "torcedores" de ambos os lados da política. O cidadão, após uma carreira política que culminou no Senado, onde fez grandes amizades com as mais diferentes facções partidárias, ao perder a eleição se transformou em burocrata de luxo. Indicado por políticos para se apossar das empresas e começar uma "bela" carreira de desviador oficial de recursos. Para roubar. Vamos falar a palavra certa.

Eles, os delatores que desempenharam cargos públicos, não foram para a Petrobras, Transpetro, Eletrobras, Infraero e dezenas de empresas do governo com um projeto de gestão, para melhorar a organização, dar lucro aos acionistas e ao país, gerar riqueza e empregos. Eles são indicados para saquear as estatais, fazerem caixa e se perpetuarem no poder, regando os cofres dos padrinhos com polpudas mesadas. É o caso de Sérgio Machado.

Esse político, com pelo de burocrata, ficou 11 anos na Transpetro, por indicação de Renan Calheiros (que agora nega ter indicado e faz cara de nojo quando dá entrevista, execrando-o). Era intocável. Entrou com Lula, atravessou todas as tempestades, ficou com Dilma e não largava a boquinha. Continuou roubando, em plena Lava Jato, até 2014. Nem Dilma, com toda a empáfia e arrogância, conseguia tirá-lo. Só saiu quando viu que a lama da Lava Jato chegava perto dele e da família.

Quem o ouve agora, com aquela fala mansa, como se estivesse fazendo um relatório de gestão, cantando fininho nas gravações para o MP e a PF, falando na família e relatando com a frieza dos cínicos e descarados o saque que realizava nos negócios da Transpetro, pode achar que virou santo, se arrependeu. Bulshitt!! Como dizem os americanos.

Sérgio Machado só começa a contar os crimes, porque está com medo de passar o resto da vida na cadeia. O que seria exemplar para moralizar os costumes do país. A delação tem um lado muito bom, porque escancara a podridão da política nacional e pode ser uma oportunidade de se lavar, pelo menos em parte, a lama que escorre das relações políticas do país.

Mas os delatores transgrediram a lei e cometeram crimes perversos, ao desviar recursos públicos. Deveriam cumprir pelo menos uma parte da pena para pagar o prejuízo que causaram a milhões de brasileiros que hoje estão desempregados; não têm uma assistência de saúde adequada; carecem de uma educação de qualidade e têm salários corroídos por culpa desses sanguessugas que, apoiados por políticos e pelos governantes, recebem cargos de presente para formarem quadrilhas que saqueiam o país.

Eles não são heróis. São criminosos da pior espécie, a ralé da política e da sociedade, e deveriam ser proibidos de trabalhar com o governo e banidos da vida pública para sempre.

Foto: O Globo - Facebook

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