entrevista_crise_dep_weiner_160611_euaEles não aprendem. Depois do poderoso diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, de Antonio Palocci e seus negócios mal explicados, sexo e redes sociais derrubam mais um político. Nos EUA, de novo.

 Agora foi o deputado democrata Anthony D. Weiner, um político promissor de Nova York, de estilo agressivo, cotado como principal candidato para ser o próximo prefeito da cidade. Ontem (16) ele renunciou ao cargo de deputado no Congresso americano, encerrando um escândalo de três semanas sobre seu comportamento lascivo online, que assustou seus eleitores e indispôs muitos colegas da Câmara. 

Weiner, eleito pela primeira vez em 1998, tomou a decisão de se demitir, depois de longas discussões e de pressões de colegas, da líder na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e do próprio presidente Barack Obama, que disse “Se fosse comigo, eu teria renunciado”. 

Mas qual o pecado de Weiner? O escândalo que derrubou a carreira do democrata eclodiu no fim de maio, depois que uma fotografia do deputado vestindo cuecas apertadas foi enviada para um estudante universitário no Estado de Washington. Mas a foto acabou postada pelo deputado para seus milhares de seguidores no Twitter. 

Weiner chegou a insinuar que a sua página tinha sido invadida por hackers. Mas não colou. Pressionado, durante uma coletiva de imprensa emocional em 6 de junho, ele admitiu ter mentido. Tinha na verdade enviado a imagem e admitiu também inadequadas trocas online com pelo menos seis outras mulheres. Era a forma de tentar salvar seu mandato. Mas, diante da pressão de colegas, autoridades e eleitores, não há reputação que resista, pelo menos nos Estados Unidos. A cultura americana tritura políticos envolvidos em escândalos sexuais. 

Ontem, Segundo o New York Times, em uma coletiva de imprensa caótica, de quatro minutos, em um auditório no seu distrito eleitoral, o deputado, de 46 anos, se esforçou para ser ouvido enquanto um pequeno grupo de provocadores gritava perguntas vulgares e o chamavam de "pervertido". "Estou aqui hoje para novamente pedir desculpas pelos erros pessoais que cometi e pelo constrangimento que tenho ocasionado", disse Weiner. 

Desde a semana passada, esperava-se que o deputado fizesse uma declaração de que iria procurar tratamento de saúde mental e tirar uma licença temporária do Congresso, para aliviar a pressão de líderes democratas para que ele saísse, diz o NYT. Mas o clamor sobre sua reputação só aumentou com a continuação das revelações sobre sua conduta.

"Eu estou anunciando minha renúncia ao Congresso, para que assim meus colegas possam voltar ao trabalho, meus vizinhos possam escolher um novo representante e, mais importante, para que minha esposa e eu possamos continuar a curar o dano que eu causei", disse Weiner na entrevista coletiva.

A mulher de Weiner, Huma Abedin, (uma das principais assessoras da secretária Hillary Clinton) estaria “devastada” pelo comportamento de seu marido e preocupada com o futuro financeiro do casal. Ela está grávida. A decisão de renunciar foi dele, mas a esposa o apoiou, convencida de que as revelações embaraçosas não parariam até que ele deixasse o cargo. 

É um filme igualzinho ao que aconteceu aqui no Brasil, com políticos denunciados por suspeitas de corrupção ou mesmo escândalos sexuais. Mas há uma grande diferença aqui. A maioria dos nossos políticos resiste, sem constrangimento, e acaba ficando. Mas a prática tem mostrado que, se você não tem explicação convincente para denúncias desse quilate, não resista. Saia. 

O anúncio foi um alívio para seus colegas democratas, que estavam cada vez mais desconfortáveis ​​à medida que mais detalhes surgiram sobre os contatos online do deputado Weiner com outras mulheres - incluindo o envio de fotos explícitas dele para “amigas” pelo Facebook e o Twitter. 

Escândalo recorrente 

O escândalo sexual do deputado não é algo incomum entre políticos. Na Europa e nos Estados Unidos é vasta a galeria de personalidades públicas (veja aqui dez escândalos sexuais com políticos) que tiveram que renunciar por conta de casos amorosos ou escândalos mais pesados. O mais recente derrubou o todo poderoso diretor-geral do FMI e cotado candidato a presidente na França, Dominique Strauss-Kahn. Em 2004, o governador de Nova Jersey, James Mcgreevey renunciou, após ter-se declarado “gay”, numa entrevista que surpreendeu, por ter sido dada ao lado da esposa. Coisas que só acontecem na terra do Tio Sam. 

Bill Clinton quase perdeu o mandato de presidente por conta de outro escândalo, com uma estagiária, em 1997. Resistiu, porque a economia ia muito bem e o bolso do americano falou mais alto do que a moral. O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi é outro que vive às turras com a imprensa por conta dos vários escândalos sexuais em que se envolve. Esse parece ser um caso perdido. E um fenômeno político, porque conseguiu sobreviver por tantos anos, mesmo com o peso dessas acusações nas costas.

O fim da carreira de tantos políticos parece não servir de alerta para aqueles que continuam brincando com fogo. Agora, sob a ameaça cada vez mais perigosa das redes sociais.

Foto: Chang W Lee/The New York Times

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