A decisão do governo da Venezuela de não renovar a licença para o canal de televisão RCTV operar, desde 29 de maio, colocando no lugar um canal público, abre um perigoso precedente na América Latina.

Não vem ao caso na decisão avaliar se o canal agiu certo ou errado, acusado pelo governo Chaves de apoiar a tentativa de golpe ocorrida em 2002. Existe até um vídeo bastante interessante que conta toda essa história de golpe e contragolpe ocorridos com Chaves na presidência, quando aparecem empresários pregando e comemorando sua queda.

O que está em jogo agora é a decisão de agir contra um canal de TV, acusado pelo governo Chaves de “espalhar desinformação” e pregar o golpismo. Como se calar a voz da oposição ou da mídia resolvesse os problemas da Venezuela. Governos têm que se acostumar a conviver com o contraditório. E a mídia está aí para isso. Ela funciona com um dos poderes que ajudam a fiscalizar a atuação dos governos. Quando a imprensa é ameaçada ou trabalha sob pressão, constrangida, não exerce um dos seus papéis mais importantes.

O problema é o que vem agora. Alcançado o primeiro objetivo, calar o canal mais antigo de TV da Venezuela, com 2.500 empregados, o governo se volta contra o outra emissora, a Globo Visión, com ameaças contra o que Chaves chama de oposição “irresponsável”. O que poderá acontecer? O Canal de TV se acovardar e se acomodar para evitar o fechamento. O que é péssimo para a democracia e pior ainda para o jornalismo.

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