CaligulaÉ impressionante como algumas figuras públicas fazem uma força danada para estar nas manchetes negativas. E depois se queixam dos jornalistas. Jogador de futebol, então, é uma categoria que vez ou outra sai do caderno de esportes e pula para as páginas policiais. Depois de Ronaldo e os travestis, de Robinho acusado e absolvido de estupro, agora é o Adriano, vulgo imperador, que continua pregando algumas. Na Copa do Mundo, após a derrota do Brasil para a França, foi flagrado junto com alguns colegas “comemorando” numa boate da Alemanha. Ultimamente as notícias sobre o jogador estão mais ligadas à noite do que aos gramados.

Agora, após o jogo do Brasil, em que apareceu escondido no banco de reservas, ele sumiu por três dias. Nem os dirigentes da Inter de Milão, nem a CBF sabiam onde o jogador estava. Foi localizado na Vila Cruzeiro, depois de se recusar a voltar para a Itália. O que ele fazia na Vila Cruzeiro? Segundo relatos, visitou traficantes, foi conversar porque estava triste e deprimido por um problema sentimental. Ah, essa é novidade! O Brasil não sabia que os traficantes agora também prestavam consultoria sentimental. Devem estar faturando uma grana com a crise. Há muita gente deprimida, de empresários a empregados demitidos.

O pior é que as explicações são hilárias. Forma-se um cordão de proteção em torno do jogador, que vai da imprensa à Inter de Milão; do delegado que atendeu a ocorrência do sumiço, até, é claro, aos assessores do jogador. Não existe reputação que resista a tamanha bobagem, por mais que se tente mascarar o que Adriano foi fazer na Vila Cruzeiro. Depois o jogador se queixa que a carreira não vai bem, que o rendimento não está bom e que equipes grandes resistam em renovar seu contrato. Será que Adriano está padecendo da maldição dos imperadores?

Senado continua dando mau exemplo

De tudo que foi publicado nas últimas semanas, o Senado consegue a façanha de quase todo dia se superar. A denúncia do dia anterior , por mais grave que seja, acaba superada pela seguinte. Depois dos diretores de DVD, de atas, de garagens, poderíamos supor que nada mais pudesse horrorizar o eleitor e o contribuinte.

Ledo engano. A gráfica do Senado, com  quase três vezes mais máquinas impressoras do que a Editora Abril, uma das maiores do país, é utilizada mais em benefício da vida pessoal dos senadores do que dos brasileiros. Os senadores utilizam essa dispendiosa estrutura para imprimir revistas, livros e folhetos sobre eles mesmos, apenas para satisfazer o próprio ego, porque a leitura dessas publicações não tem qualquer utilidade para os brasileiros. São livros caros que, passada a legislatura do Senador, irão para o lixo ou mofar em algum sebo mais condescendente. Dinheiro público colocado fora, apenas.  Ressalve-se apenas que vez ou outra a gráfica divulga coletânea de discursos parlamentares que têm utilidade principalmente para historiadores e pesquisadores.

Dessa festa, entretanto, poucos escapam. Do partido do governo à radical Heloísa Helena, do Psol. Sob as mais variadas caras, cada um inventa publicações de interesse exclusivamente pessoal, como autopromoção. E nós pagamos a conta.

A superestrutura da gráfica é resultado do desprezo de seguidas administrações do Senado pelo dinheiro público. A área foi inchada certamente para abrigar apaniguados e, para isso, comprou-se equipamentos caros. Foi preciso, então, inventar serviço. Os senadores acabaram descobrindo ali, já que está disponível, uma maneira de se promoverem com o dinheiro do contribuinte. Para isso, até livros de terceiros foram impressos na gráfica do Senado, como denunciado pela imprensa no último fim de semana.

Jatinho particular com verba do Senado

O Senador Tasso Jereissati construiu uma reputação sob o discurso da ética e da seriedade. Projetou-se nacionalmente quando governador do Ceará pelos programas que implantou, atraindo grandes indústrias nacionais para o estado, além de ter melhorado os índices de mortalidade infantil, renda per capita e analfabetismo. O Ceará passou a ser visto como um estado em desenvolvimento acelerado e não mais como subdesenvolvido. O Senador começou a se apresentar como aquele que quebrou anos de poder das oligarquias nordestinas que contribuíram mais para o atraso do que para o progresso do Nordeste.

Todo esse capital construído em anos de carreira política  está ameaçado e foi seriamente corroído por ter escorregado feio na hora em que utilizou recursos públicos para alugar jatinhos para viagens de caráter particular. Isso contraria norma do Senado que proíbe o uso da verba indenizatória para esse tipo de regalia. Entre 2005 e 2008, ele gastou R$ 469 mil, com autorização do então diretor do Senado, Agaciel Moura, segundo o Senador. Ora se um pai dá autorização para seu filho menor de 18 anos dirigir um carro, isso não absolve nem o pai, nem o filho de terem cometido um ilícito. Tanto no Senado, como no exemplo, ambos estão completamente errados.

O pior de tudo isso são as explicações do Senador. Apesar de ter avião particular, ele utilizou a verba para fretamentos porque o seu jato estava indisponível, certamente servindo a familiares ou no interesse de suas empresas. Mesmo como presidente do PSDB, não há justificativa para uso de jato particular com verba do Senado. E nós pagamos a conta? Que culpa nós temos do seu jato estar ocupado? É incrível como autoridades públicas encontram brechas, seja na gráfica do Senado, em passagens ou jatinhos, para usar o recursos públicos sem escrúpulo. A reputação construída nesses últimos anos pouco adianta nessa hora. Mas, não custa perguntar, onde estava a assessoria do Senador que permitiu esses deslizes maculando a tão decantada “imagem política”? É o tipo de crise que poderia ser evitada simplesmente por aquele mandamento simples, mas definitivo: se não quer que publique? Não faça.

Ao contrário dos americanos, jornais europeus crescem na crise

Enquanto a mídia americana enfrenta a pior crise da sua história, os jornais europeus de modo geral sobrevivem bem à crise. O maior jornal europeu, o Bild, da Alemanha, anunciou o maior lucro de seus 62 anos, segundo matéria de Eric Pfanner, publicada no New York Times. O executivo-chefe do Bild, Mathias Dopfner,  não acredita “no fim do jornalismo. Pelo contrário, acho que a crise pode ter um impacto positivo. O número de atores vai diminuir, mas os mais fortes podem sair da crise mais estáveis”. Segundo o NYT, ele não parece desesperado em como sobreviver à recessão ou na revolução digital. Está disposto a ir atrás de novos negócios, na Alemanha, no leste europeu e até mesmo nos Estados Unidos.

Para os europeus, o modelo econômico dos diários americanos está falido. Os jornais da Europa encontraram alternativas na internet, buscando faturamento onde outros jornais ainda patinam. Ao incrementar os sites, muitas publicações conseguem retorno publicitário. Eles diversificaram as publicações e aproveitam os jornalistas para diversas mídias. Na França, o céu não parece tão azul. O presidente Sarkozy aprovou pacote de mais de 600 milhões de euros de ajuda à mídia.

Projeto propõe jornais sem fins lucrativos

O Senador americano Benjamim Cardin, do Partido democrata, apresentou projeto de lei propondo a transformação de jornais em organizações sem fins lucrativos. Isso daria isenção fiscal sobre a receita de circulação e publicidade. É um projeto destinado à revitalização dos jornais americanos. Eles teriam um regime fiscal semelhante ao de entidades educacionais ou das tevês e emissoras de rádio públicas.

E como ficaria a liberdade de imprensa? Os jornais não poderiam apoiar causas políticas. O Senador deixou bem claro, que esse projeto visa atingir os jornais locais, pequenos e não os grandes conglomerados de mídia.  A proposta do Senador foi encarada com reservas por editores e proprietários de jornais. Eles acham que já existem publicações com essa característica nos Estados Unidos. E acreditam que os jornais ficariam atrelados a decisões do governo.  No meio da crise que os jornais americanos enfrentam, aventou-se também a possibilidade de se criar Fundações que manteriam os jornais, aceitando contribuições financeiras de cidadãos comuns, com compensação no imposto de renda. São todas soluções meio desesperadas para tentar conter a crise que assola a mídia americana. Nos últimos meses, dois jornais médios e antigos fecharam, optando por edições on line, o Rocky Mountain News, de Denver, e o San Francisco Chronicle, de San Francisco.

Michael Kinsley, jornalista americano, abomina a idéia: “Deixe-os morrer. Não lucrativos, fundações que mantenham os jornais são todas idéias ruins, porque se o mercado não os sustenta, então eles não têm o direito de existir”.

Enquanto isso, o grupo New York Times comunicou aos funcionários do seu jornal The Boston Globe que, se eles não aceitarem um corte de 5 a 10%  nos salários, pode fechar a publicação. O NYT quer que o sindicato da categoria concorde rapidamente com um corte de pelo menos US$ 20 milhões nas despesas de pessoal.  O grupo que controla o NYT alega que não tem mais condições de bancar os prejuízos do Globe.

Privacidade ameaçada pelo Google

O novo serviço do Google, o Street View, já está causando polêmica. Se, por um lado, representa grande avanço para se localizar qualquer coisa na Terra, por outro é uma ameaça à privacidade. O Street View foi lançado em 2007 nos EUA e até agora grandes cidades de nove países já podem ser bisbilhotadas pelas câmeras do Google. O último a entrar na lista foi a Inglaterra.

Mas a captação de imagens tão próximas e nítidas acabou gerando polêmica por ameaçar a segurança e expor imagens privadas sem autorização. Há uma semana, o Google teve que tirar do ar a imagem de uma estudante, fotografada e exposta na rede tomando banho, num riacho, em trajes sumários. As imagens captadas em fração de segundos,  acabaram abertas ao público.

O Brasil ainda não está sob os olhos das câmeras. Na Inglaterra, moradores de algumas cidades se revoltaram com o aparecimento de câmeras fotográficas instaladas no teto de veículo a serviço do Google. O serviço permite que alguém bisbilhote a rua onde você mora, com detalhes mínimos, como, por exemplo, enxergar o exemplar do jornal colocado na caixa do Correio. Qualquer pessoa, em tese, pode girar a câmera e descobrir quantas janelas sua casa tem, se estão abertas ou fechadas. Como é o pátio e a altura do muro. É o tipo de serviço que ainda vai dar o que falar. Quem quiser ver os locais disponíveis do Street view, pode acessar maps.google.com/help/maps/streetview.

Ilustração: busto de Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus (AD 12-41) , mais conhecido como Calígula.

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