Obama_e_imprensaOs primeiros 100 dias da administração Obama passaram. Acabou a lua-de-mel. Até que ponto a mídia e os consumidores atribuirão a culpa da crise americana à gestão de Bush na Casa  Branca? Apesar de as pesquisas indicarem que até o momento, a opinião pública culpa Bush pelo caos econômico e reconhece Obama como herdeiro dessa crise, existem indicações de que a partir de agora a conta vai cair no colo do novo presidente.

O comentarista Eamon Javers, do site Media Matters for America admite que depois da onda de alta exposição da mídia, quando o presidente Obama atingiu a marca dos 100 dias de governo, ele passou a conduzir a economia num sentido mais político do que econômico. Agora os eleitores estariam mais propensos a responsabilizá-lo pelos problemas econômicos. A paciência por culpar a administração Bush está se esgotando. O público até agora deu um cheque em branco para Obama. Mas isso tem limite, admitem jornalistas experientes.

Pesquisa da NBC/Wall Street Journal, feita na segunda quinzena de fevereiro, constatou que 84% dos adultos acreditavam que Obama herdou as condições atuais da economia e somente dois por cento deles acreditavam que ele assumiria a responsabilidade pelas condições econômicas do país em menos de seis meses.

O articulista também cita pesquisa que perguntou aos americanos sobre a habilidade de Obama em solucionar os problemas gerais da nação. A pesquisa conduzida pelo mesmo site de análise da mídia sugere que Obama tem certa liberdade para isso. Entre 1.000 eleitores, dois terços responderam confiar que o presidente pode identificar as soluções certas para os problemas que a nação enfrenta.

Seguindo a mesma linha da pesquisa da NBC e WSJ, outra aferição do Washington Post/ABC News, entre 26 e 29 de março, constatou que enquanto 70% dos entrevistados acreditavam que a administração Bush merece uma grande parcela de culpa pela situação econômica do país, 26% dos que responderam culpam Obama. A mesma pesquisa constatou que 60% dos entrevistados mostram-se  “irritados” sobre o papel da administração Bush em conduzir a situação econômica, enquanto 21 por cento voltaram sua irritação para a gestão de Obama.

Outras indicações, constatadas em pesquisa de sites de mídia, é que a imprensa nos últimos meses está cada vez  falando menos na administração Bush para se concentrar na atuação de Obama. Jornalistas liberais vêm no comportamento de algumas publicações americanas um ranço conservador, principalmente quando tratam de economia. A mídia estaria começando a julgar a administração de Obama, que começou em 20 de janeiro, pelos centenas de milhares de empregos perdidos ou pela falência quase semanal de bancos, uma visão absurda, segundo eles.

Segundo alerta dos blogueiros Erich Boehlert e Jamison Foser, o esquecimento da mídia em relação à administração Bush e suas políticas na cobertura de economia é tão grave que eles deram dia e noite atenção ao escândalo da quebra da AIG, sem mencionar o fato de que foi a administração Bush que aprovou o último auxílio bilionário para a seguradora, sem exigir contrapartida no seus contratos de bônus para os executivos. Quem teve que administrar esse passivo e a reação popular foi Obama. Para eles, a mídia endossou a falsa versão dos republicanos de que foram os democratas que criaram esses bônus no pacote de estímulo à economia assinado por Obama, em fevereiro.

O que começa a preocupar pessoas ligadas ao governo Obama é que a paciência da opinião publica tem limites. Se o desemprego continuar, os eleitores mudarão suas expectativas. Um Senador diz: “Se a Casa Branca está certa e o número de empregos continuar caindo até o fim do ano, as pessoas começarão a perguntar até onde irá esse inferno que eles prometeram acabar”.

Os americanos já entenderam que o presidente Obama e sua equipe estão mudando o tom do discurso econômico. Estaria indo embora a descrição sombria de crise e catástrofe. Em seu lugar entram termos como “uma luz de esperança” no cenário atual. Obama e sua equipe têm evitado cair no discurso messiânico de Bush sobre o Iraque, prometendo o que nunca pôde ser cumprido. O presidente tem procurado um discurso realista de que “haverá mais desemprego, mais execuções hipotecárias e mais dor”, antes que tudo isso acabe.

O que a imprensa que apoiou Obama está pedindo é que o presidente precisa de mais tempo para administrar o passivo herdado de Bush. Jornalistas mais tradicionais atribuem a Obama uma recriminação da administração passada “freqüente e ácida”, o que faria parte da estratégia dele de não assumir sozinho o ônus da crise. Pelo menos Obama não está pedindo, com fez Bush desde o 11 de setembro de 2001, para a mídia americana ser patriota e evitar a divulgação daquilo que ele não queria ver publicado.

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