O Brasil em estado de crise
Se um habitante de outro planeta pousasse no Brasil nas últimas semanas, dificilmente ele permaneceria por aqui. O Brasil tem assistido em menos de um mês eventos de extrema gravidade que se enquadram naquilo que o filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman chamou de “estado de crise”. Se não, vejamos. O Brasil amanheceu neste 6 de agosto na antessala de uma grave crise econômica: o tarifaço de Trump. Uma decisão controversa, que nos Estados Unidos teve um objetivo econômico, mas no Brasil tomou o rumo de uma crise política. Sem entrar no mérito das bizarras alegações do presidente americano, na famosa “carta”, enviada ao governo brasileiro, o fato é que os Estados Unidos fixaram uma taxa de 50% para grande parte dos produtos exportados pelo Brasil para aquele país. Sem espaço para a negociação, o Brasil tenta buscar alternativas para minimizar os efeitos da decisão para a economia brasileira.
Leia mais...No último dia 20 de outubro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou artigo de Mauro Rodrigues da Cunha, ex-conselheiro do Conselho de Administração da Petrobras. Por dois anos, de abril de 2013 a abril de 2015, o sr. Cunha foi testemunha, portanto, da transição da Petrobras de um período de sucesso para o início do caos, já que a partir de abril de 2014 a empresa mergulhou num processo de turbulência e denúncias sem precedentes, que culminou certamente na maior crise da história da estatal.
“Os meios de comunicação no mundo ocidental continuam dominados por jornais, revistas e emissoras de TV e rádio, ainda conhecidas como mainstream (mídia tradicional). A prova mais expressiva de seu continuado reinado sobre a opinião pública está na figura do presidente dos EUA, Donald Trump, cujos repetidos ataques a publicações (que ele chama de) “fracassadas” como os jornais The New York Times e o Washington Post, como “inimigos do povo” são um tributo a seu poder continuado.” Quem afirma é o comentarista político John Lloyd*, em artigo publicado pela agência de notícias Reuters, no último dia 19.
A comunicação de crise é tão importante que muita gente confunde administrar a crise com gerenciar a comunicação. Se esta estivesse sob controle, a crise estaria resolvida. E por que acontece isso? Provavelmente, porque muitos executivos acreditam que a crise só pode se chamar “crise” quando o fato negativo saiu dos limites da empresa e foi publicado na mídia, nos blogs ou nas redes sociais. Como se, pelo fato de não ter sido publicado, a organização não tivesse crise. Por isso, uma das primeiras pessoas que o executivo ou o político procura é o assessor de comunicação, na hora da crise.
O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro é daquelas tragédias que ninguém imagina (nem deseja) que possa ocorrer, mas todo mundo sabia que o risco existia. E que um dia sim, poderia acontecer, principalmente num prédio antigo e mal conservado. Boa parte da estrutura do prédio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, era de madeira, e o acervo tinha muito material inflamável – o que fez o fogo se espalhar rapidamente.
Quando Bento XVI renunciou, em 2013, numa decisão que surpreendeu o mundo, já que não havia renúncia espontânea de um Papa há mais de 700 anos, especulou-se que uma das causas era a pressão da cúria romana, a burocracia do Vaticano e a incapacidade do frágil Pontífice de enfrentar as denúncias de abusos sexuais que apareciam em vários países. Não esquecer que a Igreja Católica vem enfrentando essa crise há pelo menos 16 anos, quando se agravaram as denúncias de abuso nos Estados Unidos. A renúncia pode ter sido causada por muitos outros fatores, entre eles a inaptidão de Bento XVI, um intelectual e teólogo de renome, pela gestão da Igreja e seus inúmeros problemas.
Se o desabamento da ponte Morandi, que ocorreu na última quinta-feira (16) em Gênova, Itália, tivesse sido no Brasil ou em algum país da América do Sul até poderíamos entender como uma falha muito comum por aqui. Crise financeira, falta de manutenção, burocracia, corrupção são algumas das causas do péssimo estado da infraestrutura desses países. Estruturas comprometidas que não são preservadas e acabam desabando ou ameaçadas por falta de prevenção e manutenção. No ano passado, para citar um acidente recente, um viaduto na zona central de Brasília desabou por estar com ferragens e concreto comprometidos por infiltração. Não foi uma tragédia com vítimas, por pura obra do acaso, já que o desabamento ocorreu às 11.45h da manhã, horário de muito movimento no local.