24 anos depois, atentado ao WTC ainda deixa vítimas fatais
A manchete do New York Post é chocante. "Número de socorristas e outros com câncer ligado ao 11 de setembro dispara para quase 50.000". Essas pessoas foram diagnosticadas com cânceres associados às toxinas liberadas nos ataques. O número de mortos pela doença (3.767 até agora) supera o de vítimas fatais daquele dia do atentado (2.996).
Sim. O jornal americano se refere aos sobreviventes, socorristas, voluntários ou feridos que tiveram contato com o pó tóxico da explosão, após incêndio e queda das torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. É o tipo de crise que não acaba, pelas consequências graves que perduram, durante anos.
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"Queres que eu tenha medo. Esqueça!"(1), analisa a reportagem de capa do Der Spiegel, ao tratar dos atentados terroristas do Estado Islâmico na sangrenta sexta-feira 13, em Paris. O Le Monde Diplomatique foi ainda mais claro: “Sejam livres, isto é uma ordem”(2). A percepção, em ambos os casos, é clara: alçar o tema dos atentados que mataram mais de uma centena de pessoas ao debate entre a democracia e obscurantismo.
No Brasil, o leitor, ficou com a ideia – generalizada, essa é verdade – de que se trata de uma guerra entre terroristas e as forças da lei, quase que um duelo entre mocinhos e bandidos. Ou foi levado a crer num relativismo primário do gênero a França está pagando pelos erros do passado. Ou, o que é igualmente dramático, induzido a pensar que a esquerda europeia se encontra sitiada pela força do terror e não tem voz para reagir.
Que houve uma falha grave da Inteligência francesa em detectar a iminência de um ataque violento ao país, particularmente a Paris, todos concordam. Mas como é possível o serviço secreto francês ter falhado, 11 meses após o violento ataque ao jornal Charlie Hebdo, com 12 vítimas, sabendo que se tornaram alvos do Isis e têm a maior população muçulmana da Europa?
Por que a comoção internacional em torno de 132 vítimas fatais em um atentado em Paris? Por que os brasileiros sentem e acompanham o drama dos irmãos franceses, se em nosso país morrem em média 120 pessoas no trânsito diariamente? Outras 150 pessoas morrem assassinadas no Brasil todo dia, segundo os números divulgados pelo Observatório de Homicídios. O que explica a repercussão do atentado em Paris, se na mesma semana em Beirute morreram 40 pessoas e 180 ficaram feridas, num duplo ataque perpetrado pelo Isis, e não se registrou tamanha comoção?
Uma das controladoras da Samarco, mineradora que teve duas barragens de resíduos rompidas na última sexta-feira, a australiana BHP Billiton, que detém 50% do capital da joint venture, (os outros 50% são da brasileira Vale), já precificou o custo da crise com a tragédia de Mariana, apenas de seu lado: US$ 1 bilhão. Quem avaliou foram analistas do Deutsche Bank. Esse valor para a BHP seria a conta dos passivos de limpeza do meio ambiente, indenizações a parentes dos mortos e às pessoas atingidas pelo rompimento. Além de todo o prejuízo causado às cidades por onde os resíduos irão chegar.
Francisco Viana*
Foi uma atitude digna de O Globo desmentir um dos seus principais colunistas, Lauro Jardim, na primeira página. O jornal reconhece, na sua edição de domingo, dia 8, ser falsa a notícia divulgada como manchete de primeira página no dia 11 de outubro, “informando” que o lobista Fernando Baiano teria dado R$ 2 milhões para pagar contas de Lulinha, filho do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Reconhece que o nome de Lulinha não foi citado por Baiano, que apenas “disse que o também lobista e pecuarista José Carlos Bumlai é que pediu dinheiro alegando que seria para uma nora de Lula”. São coisas bastante diferentes, não?
A Mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e a australiana BHP, enfrenta uma crise grave, por dois componentes que por si só já são extremamente deletérios para qualquer empresa: acidente com vítimas fatais e risco de contaminação do meio ambiente. As primeiras ações foram lentas para uma empresa que lida com um negócio de alto risco. De positivo, o tempestivo pronunciamento do diretor-presidente, em vídeo, na tarde de ontem (5).