A crise do INSS expõe a incompetência do Estado como gestor
O desvio bilionário de recursos dos aposentados, por descontos não autorizados nos salários, geridos por sindicatos, entidades associativas de aposentados, e até funcionários públicos ligados ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), é um dos maiores escândalos financeiros na área pública do país, nos últimos anos. O crime escancara a incompetência dos órgãos públicos em geral, de fazerem a gestão correta dos recursos do Tesouro Nacional. Em uma grande empresa privada, com boa governança e gestão financeira, se fato similar ocorresse, muito provavelmente o ‘compliance’ ou a diretoria de gestão de riscos teriam descoberto. Essa fraude escancara também a inépcia e irresponsabilidade dos gestores em usar mecanismos de controle, muitos nomeados sem experiência, apenas por indicações políticas e outros interesses.
Por Marinete Veloso. Para o Valor.
Em suas atividades rotineiras, empresas públicas e privadas cometem erros que são administrados e corrigidos no exercício natural da gestão. A situação se complica quando o erro deixa de ser um problema corriqueiro, ganha contornos mais sérios e se transforma em crise.
Análises de casos emblemáticos de crises mostram que 95% delas eram previsíveis, decorrentes de erros de gestão e de administração. "Como evitá-los é o grande desafio", diz João José Forni, cujo livro discute conceitos, traz análises de casos e, principalmente, apresenta processos sobre como gerir uma crise.
O gerenciamento de crises em desastres naturais cada vez mais está centrado na prevenção e preparação, ou seja, na gestão de riscos. O exemplo neste fim de semana vem da Índia, um dos países situados numa região onde catástrofes naturais fazem parte da natureza e deixaram, nos últimos anos, milhares de vítimas.
Dois terços dos diretores de comunicação (CCO) de grandes corporações dizem, em pesquisa, que a experiência em gestão de crises é o pré-requisito fundamental e mais importante para o sucesso. E que essa importância tem aumentado drasticamente nos últimos anos.
O WikiLeaks foi o primeiro a quebrar o encanto dos segredos bem guardados, revelando documentos secretos que os governos não gostariam se tornassem públicos. Vídeos de soldados americanos atirando em civis desarmados no Iraque, até segredos mantidos em documentos oficiais das chancelarias da América Latina. Pensava-se que nada poderia ser mais invasivo. Até aparecer Edward Snowden.
Passado o torpor do ataque do grupo terrorista AL-Shabaab, metralhando inocentes no shopping Westgate em Nairóbi, o mundo todo se pergunta como tudo aconteceu. Dez dias depois, não havia muitas respostas. Existe sim uma série de perguntas que nem a população, nem as autoridades conseguem responder.
A revista britânica The Economist novamente escolheu o Brasil como tema de capa desta semana. Mas, ao contrário de 2009, quando a capa anunciava “Brazil takes off” (O Brasil decolou), com a imagem do Cristo Redentor em forma de foguete, prestes a decolar, agora a revista foi implacável. “Has Brazil blown it” (O Brasil estragou tudo?). A resposta vem numa reportagem de 14 páginas, da jornalista Helen Joyce, bastante crítica à política econômica atual.