fog na casa brancaFim de ano. Hora de se preparar para 2014. Não há um horizonte muito otimista para o próximo ano. Nem no Brasil, nem no mundo. Analistas concluem que a crise econômica irá persistir, o crescimento ainda será lento e as crises políticas e corporativas continuarão a tirar o sono dos governantes e CEOs.

Talvez seja o momento para refletir sobre o que pode ser prevenido no planejamento estratégico do próximo ano. O site Innovation of risk publicou, há quatro anos, um alerta sobre os maiores riscos e tendências para o ano de 2009. Na ocasião, Scott North, autor do artigo, “Top 10 lições e tendências de Gerenciamento de Riscos”, identificou 10 riscos e tendências considerados críticos para as organizações em todo o mundo.

No início de 2013, o autor decidiu revisitá-los, “a fim de observar como eles são aplicáveis hoje”. O resultado continua válido agora que nos aproximamos do fim do ano e as organizações precisam estar alertas para o horizonte que se descortina no novo ano. Além de confirmar alguns dos riscos previstos para 2009, aproveitou para acrescentar outros.

1. Redes sociais

O site Risk Newstand tem um feed dedicado à procura de artigos sobre mídia social na web e fornece um mapa interativo (heat map) desses artigos, publicados em todo o mundo sobre mídias sociais. O heat map afirma que o uso de mídias sociais continua a crescer entre as organizações e nós não estamos observando nenhum sinal de que esse risco diminua em importância.

Alguns dos artigos incluídos nesse feed afirmam que as organizações estão colocando em suas políticas e procedimentos internos diversos mecanismos eficazes, capazes de educar e informar os funcionários sobre as mídias sociais (como LinkedIn, Twitter e Facebook) assim como usá-las como uma vantagem competitiva. Esperamos continuar a ver as redes sociais na lista de temas-chave para todas as organizações, diz o autor.

2 . Riscos de ataques cibernéticos

Esse será sempre um tema quente a partir de uma perspectiva de risco no próximo ano. Os hackers do mundo estão cada dia mais espertos e as redes que eles construíram permitem o fácil compartilhamento de suas técnicas e ferramentas. As tendências de pesquisas no Google, relacionadas ao "risco cibernético", destacam que a segurança, a fraude e o crime cibernéticos estão subindo como temas-chave para todas as organizações em todo o mundo.

Ao longo dos últimos 12 meses, nós continuamos a ver artigos relacionados a ataques de hackers contra governos e organizações comerciais. Os ataques parecem ser especificamente direcionados (como forma de protesto ou retaliação) ou possuem a finalidade de identificar possíveis vulnerabilidades de sistemas e organizações.
 
O risco cibernético também se estende para além dos ataques de hackers, para incluir ações projetadas para obter informações privilegiadas, registros e dados de clientes para o uso em fraudes. Com todos esses diferentes tipos de ameaças virtuais, não é de se estranhar que esse risco é um tema quente sempre presente. Talvez seja, junto com o terrorismo e os desastres naturais, a maior ameaça às organizações nos próximos anos.

3. Aposentadoria dos baby boomers (transferência e perda de conhecimento de riscos)

Uma série de artigos recentes, como este no site AdelaideNow, "Os trabalhadores mais velhos podem preencher as vagas", destacam os riscos de os trabalhadores maduros deixarem as organizações e levarem com eles o conhecimento e a experiência sobre gestão de riscos. Essa transferência e perda de conhecimento pode tornar-se um calcanhar de Aquiles para muitas organizações, já que elas continuam a lidar com a incerteza econômica e o aumento dos custos da força de trabalho. Trabalhadores maduros poderiam fornecer a experiência de transição para muitas organizações lidarem com riscos atuais e estarem melhor preparadas para os riscos de amanhã.

No Brasil, muitas organizações com tradição de quadros estáveis e de carreira, além do governo, já detectaram esse risco. No serviço público, muitos servidores de meia idade buscam a aposentadoria cedo, levando um capital de experiência e conhecimento difícil de ser reposto com rapidez.

4. Restrições regulatórias

As organizações continuarão a sentir e experimentar a resposta regulatória à crise financeira global e a eventos comerciais, uma vez que a crise financeira ainda irá perdurar por vários anos. Cidadãos de muitos países agora são capazes de assumir um papel mais ativo através das mídias sociais, aumentando assim a pressão por ações de regulamentação. Isso significa que este risco permanece no radar para todas as organizações do mundo.

5. Privatização do governo

Conforme registrado no post original (de 2009), isso está definitivamente acontecendo, mas talvez de uma forma menos impactante que a esperada há cinco anos. Portanto, a partir de uma perspectiva global, esse item deve ser provavelmente abandonado e não iria fazer parte dos top 10 de risco, para a maioria das organizações.

Entretanto, se sob a ótica da Europa, Austrália e Estados Unidos, a privatização não esteja na agenda prioritária, o cenário brasileiro é bem diferente. Apenas a eleição, em 2014, poderá baixar o tom do discurso privatista, até porque o governo e o partido que o representa, críticos com veemência das privatizações do governo anterior, lidam com dificuldade com esse tema, para justificar por que agora resolveram privatizar ou continuar privatizando áreas como portos, aeroportos, estradas e ferrovias. O tema não sairá da pauta em 2014.

6. Ameaças disruptivas

Esse risco particular tem definitivamente crescido em potencial com os constantes exemplos de modelos que estão sendo alterados por meios de tecnologias e modelos de ruptura. Nesse particular, são os jogadores menores e mais ágeis que terão o maior impacto e que serão importantes para as organizações presentes considerarem, a fim de se manter no jogo. Para evitar esse risco, estamos vendo muitas organizações desenvolvendo suas próprias "start-ups" para que possam competir em um ambiente de constante mudança.

7. Seguro de acidentes de trabalho

Conforme detalhado no artigo de 2009, esse não se tornou um risco global significativo e, portanto, não estaria em um top 10, se for considerado o cenário para a Europa e Estados Unidos. Curiosamente, porém, esse é um risco que pode ser facilmente esquecido em avaliações de risco. Por isso, se torna um potencial risco não observado.

No Brasil, embora a políticas de prevenção tenham avançado, o tema continua a preocupar e a dar prejuízo às organizações. Os acidentes de trabalho continuam a atingir muitas empresas, principalmente naquelas onde esse risco é elevado como a indústria da construção, químicas, siderúrgicas, petróleo. E o custo desses acidentes é elevadíssimo. No Brasil, continuaria na lista dos 10 mais, certamente.

8. Custo médico para compensação dos trabalhadores

Assim como o risco acima, esse é outro risco que não estaria em nosso top 10. No caso do Brasil, o principal ônus na área de saúde recai no governo. O Sistema Único de Saúde é sobrecarregado com aquela faixa da população que não tem plano de saúde. Talvez não seja um risco direto para as organizações, mas é um item da agenda que não pode ser descartado.

9. Ações trabalhistas (litígio)

Esse risco deveria estar mais na "lista de observação" do que no top 10. Litígio em geral, especialmente em tempos de estresse econômico, pode se tornar um mecanismo utilizado para causar instabilidade na organização. Isso é particularmente evidente na indústria de tecnologia. De uma perspectiva do empregado, esse não é um risco chave. Contudo, é sempre bom manter esse risco em mente.

Do ponto de vista das organizações, especialmente no Brasil, é um dos maiores passivos nos tribunais de trabalho. É um risco permanente, que deve ser monitorado com muito cuidado pelas organizações. A área trabalhista tem um índice muito elevado de crises, no Brasil, o que sugere manter na agenda a possibilidade de ações trabalhistas, até porque os empregados, nos últimos anos, foram adquirindo direitos que no passado não existiam.

10. Risco de condução

Esse é o eterno risco para todas as organizações. Onde existem decisões e processos, também acontecem erros. Seres humanos respondem ao seu ambiente e à cultura da organização no modo como lidam com essas falhas. Cada organização deve garantir que compreende que erros acontecem e que as pessoas podem tentar esconder o que fizeram. Isso é ainda mais presente em tempos de redução de custos, período em que os funcionários se sentem inseguros em seus papéis. O foco deve estar no provimento de garantias sobre as atividades-chave/controles a partir de uma perspectiva de risco. Também é importante encorajar e gratificar a identificação de incidentes e problemas, assim como educar os funcionários sobre a cultura e o comportamento adequados no gerenciamento de risco.

Além dos 10 riscos descritos acima, o autor considera dois riscos adicionais para os próximos anos.

11. Descuido humano

Conforme detalhado em 2009, apesar de termos caminhado para um mundo mais tecnologicamente automativo,  os seres humanos ainda estão envolvidos em quase todos os processos. Portanto, o risco de falhas humanas cresce na proporção da automação de atividades, da emergência do empregado multi-tarefado e também da fusão entre o trabalho e a vida pessoal. Em 2012, esse risco aumentou em probabilidade e assim deverá continuar.

12. Inovar somente para inovar

Em 2009, destacamos o temor de que as organizações mudem e inovem em quase tudo somente porque está na moda, e não por um propósito verdadeiro. Esse tipo de inovação cria riscos sobre as operações da empresa, assim como na experiência do cliente, podendo ocasionar também a frustração do empregado. A pressão contínua para inovar, simplificar e melhorar os processos, especialmente para reduzir o custo e o desperdício, aumentando o sempre presente risco de erro e fracasso. As organizações devem gerenciar a expectativa de mudança com uma abordagem equilibrada para a gestão dos riscos associada a essa mudança.

O autor finaliza perguntando: “Então, o que aprendemos em quatro anos?”

A análise que fizemos sobre o artigo em 2009 poderia ser facilmente uma análise dos principais riscos para 2013! A gestão de riscos pode estar evoluindo, mas está claro que os riscos enfrentados pelas organizações em todo o mundo estão sempre presentes, não importa se é 2009,  2013 ou 2014. (Tradução: Jessica Behrens).

Eleições, passeatas, crise econômica, alguns dos riscos do Brasil em 2014

1.    Copa do Mundo - 2014 deve entrar na história brasileira como o ano da Copa do Mundo. Todos os olhos do mundo do futebol estarão voltados para o Brasil a partir de junho.  O calendário festivo, porém, não imuniza o país dos riscos de crises que poderão até mesmo ser reforçados pela própria Copa do Mundo. Mas tem mais. 2014 é ano de eleição presidencial e de governadores. Os dois acontecimentos juntos podem ser nitroglicerina pura para o “arrombamento” dos cofres públicos.

O que significa isso? Que os gastos públicos poderão crescer, mais do que o Tesouro Nacional possa suportar. Não apenas no nível federal, mas também estadual e municipal. A Copa pode até dar uma trégua nas notícias negativas que vêm da economia. Mas, passada a festa, a conta vai chegar, porque não há almoço grátis.

2.    Crise Econômica - Risco de a crise econômica recrudescer, apesar do eterno discurso otimista do ministro da Fazenda. Não há horizonte para redução das taxas de juros, a curto prazo, porque o Banco Central convive com o fantasma da inflação. Ano de eleição ajuda os governos a serem perdulários com o dinheiro do contribuinte, iniciando obras que acabam abandonadas, após a eleição. O discurso do Brasil que cresce também não irá restringir o crédito, principalmente dos bancos oficiais, o que significa mais endividamento das famílias. Tudo isso somado, o risco é o Brasil entrar para o rol dos países pouco confiáveis do ponto de vista da solidez econômica, como, aliás, já aparece nas análises de especialistas internacionais. 

3.    Passeatas - Grupos organizados, acolitados  pelos famigerados black blocs prometem ir para a rua protestar contra os gastos da Copa. Nada diferente do que aconteceu este ano com a Copa das Confederações. Quem vai assistir aos jogos não precisa se preocupar. A Fifa sabe muito bem como conter essas crises, obrigando os governantes a pôr a polícia na rua e a isolar as "arenas". O problema não são as datas dos jogos. São as passeatas fora do período da Copa. Enquanto a zona de risco da Fifa é isolada, sobra para os demais contribuintes. Risco de estradas interditadas, depredação de bens públicos e propriedades privadas. Enquanto a Fifa se dá bem, quem mais precisa de transporte, deslocamento rápido e o país funcionando é o povão.

4.    Desastres Naturais - Os desastres naturais continuarão a representar risco permanente à vida das populações que moram nas encostas, na beira de rios mal cuidados ou nas regiões afetadas pela seca, principalmente em algumas regiões do País. Não há previsão de que no próximo ano acabe a maior seca de alguns estados do Nordeste dos últimos 50 anos. Como é uma crise fora do eixo das novelas da Globo e sem a devida atenção do governo, o risco de agravamento, com desdobramentos graves, como corrupção na distribuição de carros-pipa, construção de cisternas e distribuição de recursos, é permanente.

5.    Congresso Nacional - O Congresso aumentará o risco de que as contas públicas não fechem. Aproveitando o ano da eleição, congressistas já estão neste ano barganhando e, por que não dizer, chantageando o governo. “Nós aprovamos isto, se você (governo) nos compensar com isso.” Um perigo permanente, porque o governo precisa fechar alianças para as eleições.

Outro risco é o agravamento dos choques com o Supremo Tribunal Federal. Este ano o STF foi criticado abertamente por legislar em temas que, segundo os congressistas, caberiam ao Congresso resolver. A defesa é que o Congresso engaveta projetos e não caminha na velocidade em que a sociedade exige. Alguém arrisca apostar quantos meses o Congresso trabalhará no próximo ano, com Copa do Mundo e eleições na agenda?

6.    Greves - Risco de greves em várias categorias, pressionando o governo nos meses de maio, junho e julho, por causa da Copa. A tese é: o governo não irá querer fazer feio perante as delegações estrangeiras. E, então, irá ceder rapidamente. Mais um risco para os cofres públicos.

Outro agravante é a forma como principalmente as organizações públicas e os sindicatos estão conduzindo as greves. Os prejuízos à população e ao país não são levados em conta; é como se alguns órgãos públicos, incluindo universidades, não precisassem funcionar, desde que os salários sejam pagos em dia; tudo isso aumenta o risco de que tenhamos greves prolongadas, principalmente das categorias mais tradicionais e organizadas.

7.    Educação – Vai perder de goleada em 2014. Risco grande de não evoluirmos no ano da Copa, por causa do recesso da maioria dos colégios, durante a realização dos jogos. Ou seja, continuaremos patinando na educação. Basta ver a colocação do Brasil no Pisa - Programme for International Student Assessment e no Times Higher Education Ranking. Professores que fizeram greve, em 2013, irão fingir que recuperam as aulas e ensinam em 2014. E os alunos, vítimas do sistema, fingirão que aprendem.

Obs. Este artigo foi atualizado em 18/12/13.

 

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