A estratégia da direção do PT de ignorar os conselhos para afastar João Vaccari Neto do cargo de tesoureiro do partido, assim que seu nome começou a aparecer com mais evidência no escândalo da Petrobras, mostrou-se equivocada. A prática de preservar pessoas suspeitas de irregularidades sempre acaba tendo um alto preço para a reputação das organizações. Além do desgaste, enquanto ocorre a apuração das denúncias, com exposição negativa na mídia, quando os fatos emergem e se tornam mais graves, dificilmente pode-se ter argumentos para defender e preservar a imagem já desgastada. Qual o discurso do PT agora, diante da prisão de Vaccari e das acusações da PF?

No caso do tesoureiro, há meses seu nome tem aparecido nas denúncias e a direção do PT se fez de surda, contrariando até mesmo companheiros, sob o argumento de que afastá-lo seria uma confissão de culpa. Isso só tem algum sentido, quando uma empresa, um partido, um governo têm absoluta convicção de que a pessoa suspeita não tem culpa no cartório. Ou os dirigentes do partido sabiam e não quiseram dar o braço a torcer, na tese de que a PF nada iria conseguir provar contra o tesoureiro; ou errou por ignorar princípios básicos de gestão de crises, onde se misturam um misto de arrogância com autossuficiência. Nas crises, mesmo para um partido que está com a imagem trincada, diante das evidências do escândalo da Petrobras, um pouco de humildade não faria mal nesse momento.

Preservar amigos e companheiros numa crise grave tem um preço alto. Ao manter Vaccari no cargo, o PT levou o escândalo para dentro do partido e enfraqueceu a tese de que todos os recursos do partido provêm de doações legais. Como diz o ex-guru da GE, Jack Welch, “não existe crise sem sangue no chão”. No caso de Vaccari, a sangria poderia ter ficado restrita a ele.  

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