Aviao da US Airways que caiu no Rio HudsonOs Estados Unidos têm um novo herói. É o comandante do vôo 1549, da US Airways, Chesley Sullenberger, 57 anos, que conseguiu fazer um pouso forçado nas águas geladas do Rio Hudson, em Nova York, em 15 de janeiro. Enquanto o país comemora a ação arrojada do piloto, colegas e profissionais da aviação ouvidos após a odisséia, mostram como o ato do piloto não ocorreu por acaso. O avião, que decolou do aeroporto La Guardia, dentro da cidade de Nova York, levava 150 passageiros e 5 tripulantes. Todos saíram ilesos do arrojado pouso.

A carreira de Sullenberger e de sua façanha, em momento tenso e complicado do voo, trazem ensinamentos preciosos para quem estuda gestão de crise. Ele é ex-piloto da Força Aérea, com 40 anos de experiência no ramo da aviação. Evitou uma queda do avião voando baixo em área habitada, desviando de prédios com o aparelho perdendo altura e sem os dois motores, como depois foi comprovado na investigação. Só alguém muito frio e preparado poderia fazer aquele tipo de pouso, asseguram especialistas de todo mundo. Não há, na história da aviação um pouso de um avião de grande porte, com tantos passageiros, sem vítimas.

Mas Sullenberger dirige também uma empresa de consultoria, Safety Reliability Methods, especializada em avaliação de risco na área administrativa e de liderança. Ele vive em Danville, Califórnia, onde é pesquisador da Universidade da Califórnia-Centro de Berkeley na área de administração de risco em catástrofes. O centro estuda segurança, infraestrutura e preparação em situações de emergências, tais como acidentes industriais e naturais.

Sullenberg deslanchou sua carreira na Academia da Força Aérea em Colorado Springs. Ele voou por sete anos, na Europa, Pacifico e em Nellis, Base aérea de Nevada. Desde 1980 está na US Airways. É consultor de segurança e membro da comissão de avaliação de acidentes. Sullenberger foi a pessoa certa para comandar a crise hoje, disse Karlene Roberts, um amigo da Universidade e colega na escola de administração de risco de crise. “Eu posso imaginá-lo sendo suficientemente responsável por colocar aquelas pessoas para fora disse Roberts ao San Jose Mercury News. Toda essa experiência acadêmica e prática certamente foi decisiva para a tomada de decisões nos momentos mais críticos do pouso.

Colegas do setor aéreo asseguram que pilotos treinam para emergências, mas poucos conseguiriam pousar uma aeronave num rio, em zona densamente povoada, com intenso tráfego de barcos, sem se chocar com um deles. O resultado foi surpreendente, principalmente porque nenhum passageiro se feriu. Todos salvos.

Foram decisões tomadas em poucos segundos e minutos. O avião não pode embicar, precisa ter cuidado para não perder sustentação, além disso o nariz precisa ficar ligeiramente para cima para o avião não mergulhar ou a fuselagem se despedaçar.

Os amigos do piloto não se surpreenderam. Segundo eles, Sullenberger estudou muito como enfrentar momentos de crise. Não há muitos pilotos mais capacitados do que ele para fazer o avião descer tão suavemente na água. Ele sempre treinou muito. Tudo que fez não foi por acaso, nem apenas por sorte. Foi treinamento, preparo, sangue frio, absoluto controle da situação. James Ray, porta-voz da Associação de Pilotos, disse que após o acidente Sullenberger parecia muito calmo e relaxado. “Ele é muito profissional”.  

O piloto colheu aquilo que se preconiza sempre para momentos extremamente tensos na crise. Primeiro, nunca minimizar o risco. Segundo, estar preparado para situações adversas, para as piores situações. A prevenção nasce de encarar a realidade e imaginar os piores cenários, em qualquer circunstância. Os grandes problemas e erros nas crises advêm exatamente do contrário. De não acreditar que o pior possa acontecer. De ter uma visão absurdamente ingênua, um otimismo amador. Ou seja, um voluntarismo simplório, acreditando-se que isso “nunca vai acontecer comigo”.

O comandante americano contrariou tudo isso. Ao enfrentar com frieza e profissionalismo, ele mostrou como se age na crise. Num momento em que qualquer outro estaria muito nervoso e descontrolado, teve calma suficiente para fazer uma varredura no avião, antes de sair, e certificar-se de que nenhum passageiro havia ficado para trás. Ele não foi herói por acaso. Segundo Jonathan Bernstein, consultor de crise nos Estados Unidos, ele prova que estar preparado para a crise significa que você pode conduzi-la com sucesso. Essa foi a diferença, para sorte dos 154 passageiros e tripulantes do avião. E dele próprio.

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