TENTAR, EU TENTEI Uma crônica para Luis Fernando Verissimo
Hayton Rocha*
O noticiário estampou em letras frias: Luis Fernando Verissimo, 88 anos, o maior cronista brasileiro vivo — e talvez também o maior entre os mortos, ouso dizer — estava internado no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O boletim médico foi curto: “estado grave, recebendo todas as medidas de suporte necessárias”. Em outras palavras: a medicina joga tudo o que sabe contra o tempo, mas o tempo não costuma perder tempo.
Leia mais...Crises corporativas representam uma ameaça às organizações. E quase sempre provocam efeitos extremamente deletérios para os stakeholders, o próprio negócio, os resultados, a reputação e o futuro das corporações. Talvez o Brasil nunca possa dimensionar em toda a extensão o dano provocado pela atual crise da Petrobras, não apenas diretamente na empresa, mas em toda a cadeia de negócios que envolve as atividades da estatal.
O ano de 2014 se despede como 2012, nos Estados Unidos. Com o assassinato covarde de dezenas de crianças, sempre as vítimas inocentes da insensatez humana. Agora, foram 132 mortes de inocentes, no Paquistão, e outro tanto de feridos, muitos em estado grave. Não bastasse o que aconteceu durante o ano, com atos de decapitação filmados ao vivo e divulgados na Internet, para provocar o mundo civilizado e fazer propaganda do terror, o mundo hoje ficou sabendo que não há mais limites para a barbárie.
Quem assistiu a duas entrevistas do ministro da Justiça, na terça-feira, 9, logo após o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ter pedido “a eventual substituição” da diretoria da Petrobras, não deve ter entendido muito bem onde o governo quer chegar. O ministro – como de resto muita gente no governo – tem jogado os brasileiros num estado psicológico que beira a “dissonância cognitiva”.
“A Europa perdeu o seu caminho, suas energias foram solapadas pela crise econômica e por uma remota burocracia tecnocrática. É cada vez mais uma espectadora em um mundo que se tornou "cada vez menos eurocêntrico", e que, frequentemente, olha para o Continente "com indiferença, desconfiança e às vezes, suspeita."
Neste 3 de dezembro completam-se 30 anos de uma das maiores tragédias da indústria mundial, quando um vazamento da indústria química Union Carbide, na pequena cidade de Bhopal, na Índia, causou a morte, nas primeiras horas do acidente, de três mil pessoas. Os efeitos tóxicos deste vazamento nunca desapareceram da cidade. Matou e contaminou, ao longo destes anos, milhares de pessoas.
Analisar a crise da Petrobras sob a ótica da gestão de crises, neste momento, torna-se tarefa difícil. Primeiro, porque não se conhece ainda toda a extensão do que já está sendo chamado “o maior caso de corrupção da história do país”. Muito menos todos os efeitos dessa crise nos resultados e na reputação da empresa. Segundo, porque não está bem claro, até por falta de esclarecimentos da empresa, qual a defesa da diretoria para as denúncias feitas pelos acusados, que se beneficiavam dos grandes contratos da companhia.