O Brasil em estado de crise
Se um habitante de outro planeta pousasse no Brasil nas últimas semanas, dificilmente ele permaneceria por aqui. O Brasil tem assistido em menos de um mês eventos de extrema gravidade que se enquadram naquilo que o filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman chamou de “estado de crise”. Se não, vejamos. O Brasil amanheceu neste 6 de agosto na antessala de uma grave crise econômica: o tarifaço de Trump. Uma decisão controversa, que nos Estados Unidos teve um objetivo econômico, mas no Brasil tomou o rumo de uma crise política. Sem entrar no mérito das bizarras alegações do presidente americano, na famosa “carta”, enviada ao governo brasileiro, o fato é que os Estados Unidos fixaram uma taxa de 50% para grande parte dos produtos exportados pelo Brasil para aquele país. Sem espaço para a negociação, o Brasil tenta buscar alternativas para minimizar os efeitos da decisão para a economia brasileira.
Leia mais...Estamos nos aproximando dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro. Mas a expectativa de um megaevento, atraindo milhares de turistas, o que ajudaria a combalida economia da cidade, pode não se confirmar. A mídia internacional tem sido implacável em ridicularizar o Brasil, pelo momento político e econômico por que está passando. E o Rio de Janeiro, em particular, pelas sucessivas escorregadas que comprometem ainda mais a reputação da cidade para sediar um evento dessa magnitude.
Charles Fombrun, autor do livro Reputation*, usa a expressão “capital reputacional” para definir aquele capital intangível que uma corporação ou pessoa, seja na vida pessoal ou profissional, conseguiu construir ao longo da existência ou da carreira. O capital reputacional ou reputação é aquilo que os outros percebem em você ou na organização, como uma marca; não o que você ou a empresa acha que tem. Reputação não é uma fotografia do momento. É um ativo construído ao longo dos anos. Não adianta dizer “eu sou uma mulher honesta”, “eu não tenho nada a esconder”, “não há nada nas minhas palavras que me incrimine”. Isso não constrói nem ajuda a melhorar ou salvar a reputação.
Francisco Viana*
Sim, a recomendação é de Thomas Piketty e está em "O capital do século XXI". Ele diz textualmente: “ … Me parece que os pesquisadores em ciências sociais de todas as disciplinas, os jornalistas e comentaristas, os militantes sindicais de todas as tendências e, sobretudo, os cidadãos deveriam se interessar com seriedade pelo dinheiro, por sua medida, pelos fatos e pela evolução que o rodeia”. Piketty está preocupado com a concentração da renda, que desafia a gravidade, mas bem que poderia dar essa recomendação aos brasileiros. Nós precisamos fazer contas.
Danos causados pela cobertura da mídia sobre comportamento inadequado, trapaças, erros ou eventuais desvios de conduta cometidos pelo CEO podem afetar a reputação da empresa até cinco anos depois do início da crise, de acordo com um estudo da Universidade de Stanford, divulgado esta semana. Foram analisados 38 exemplos de altos executivos que cometeram algum tipo de irregularidade entre 2000 e 2015 e que acabaram demitidos ou afastados.
Qual o papel da diretoria numa crise? Uma nova pesquisa sugere que esse papel não é suficientemente bem compreendido e precisa de muito mais atenção. Um contato mais próximo com a sala da diretoria, principalmente em momentos decisivos para a empresa, mostra uma vulnerabilidade preocupante em torno de preparação e prevenção de crises.
O Procurador Geral da República incluiu o ex-presidente Lula, mais o empresário José Carlos Bumlai e seu filho Maurício Bumlai, em denúncia encaminhada ao STF, no processo em que acusa o ex-Senador Delcídio Amaral, junto com mais 30 pessoas. A decisão do PGR formaliza em linguagem jurídica bastante contundente o que a “voz do povo” há pelo menos dois anos reverberava nos bares e esquinas do Brasil.