desastre naturalO gerenciamento de crises em desastres naturais cada vez mais está centrado na prevenção e preparação, ou seja, na gestão de riscos. O exemplo neste fim de semana vem da Índia, um dos países situados numa região onde catástrofes naturais fazem parte da natureza e deixaram, nos últimos anos, milhares de vítimas.

O ciclone Phailin, que atingiu a costa leste da Índia na noite de sábado, deixou para trás um rastro de destruição, mas não há registros de grandes perdas de vida humana, segundo reportagem publicada hoje no site da revista Time. A Associated Press informou no domingo à noite que as equipes de resgate contaram um total de 17 mortes, número pequeno em comparação com a última tempestade de tamanho semelhante a atingir o país.

O Phailin foi o mais violento tufão a atingir a Índia em 14 anos. O Departamento de Meteorologia da Índia havia previsto ventos de até 220 km/h, enquanto o Joint Typhoon Warning Center, da Marinha dos Estados Unidos no Havaí, previu ventos mais fortes, de até 269 km/h. Calcula-se que entre 500 a 900 mil pessoas tenham sido evacuadas das regiões de maior risco, numa autêntica operação de guerra.

"Ninguém terá permissão para ficar em casas de barro e palha nas áreas costeiras", disse o ministro de Gestão de Desastres de Orissa, Surya Narayan Patra. O Exército ficou de prontidão nos dois estados para operações de emergência e socorro. Autoridades disseram que helicópteros estão a postos e pacotes de comida prontos para serem lançados nas áreas afetadas pela tempestade.

"Nossas equipes estão fora tanto em Odisha quanto em Andhra Pradesh para operações de resgate e socorro. Até agora não recebemos qualquer relatório de vítimas em qualquer lugar,", disse o chefe da equipe de socorro em Nova Délhi. As operações de resgate começaram em torno de 6:00 da manhã de domingo.

Após realizar uma das maiores evacuações de sua história, a Índia respira mais aliviada neste domingo depois que a intensidade do ciclone Phailin se reduziu bastante em sua passagem pelo país, onde deixou pelo menos um morto e danos materiais. Embora ainda demore para se ter uma idéia real da devastação, as apreensões com grandes perdas, semelhantes as que ocorreram em 1999, com um super-ciclone, que devastou Odisha, matando mais de 10 mil pessoas, já foram aliviadas.

As autoridades indianas têm sido elogiadas por sua preparação para enfrentar conflitos de guerra ou desastres naturais, como ocorreu agora para o Cyclone Phailin. A operação de alerta e evacuação de milhares de moradores foi bem sucedida na mitigação dos danos. Estudos feitos pela ONU mostram que o investimento em prevenção é até dez vezes menor do que os gastos com a reparação de catástrofes naturais.

"Se houvesse uma fresta de esperança no pressentimento sombrio de uma tempestade monstro, o que nos move é a percepção de que a vida, na Índia, por muito tempo não tinha valor", escreveu o repórter do The Times na Índia, Bharti Jain. "Por isso, as medidas tomadas pelo governo para administrar a chegada do Cyclone Phailin para reduzir as baixas e minimizar as perdas não têm paralelos."

"Acho que tivemos êxito em minimizar a perda de vidas", disse Navin Patnaik, o chefe do governo de Orissa, o estado indiano mais afetado e que foi atingido por uma tempestade na noite de sábado. Embora antes da chegada do ciclone pelo menos cinco pessoas tenham morrido em acidentes relacionados com as condições meteorológicas adversas, as autoridades de Orissa não confirmaram por enquanto nenhuma morte pelos estragos do Phailin.

Segundo a agência EFE, fontes do governo de Orissa asseguram que  "a vida já está retornando à normalidade" na região, que sofrerá ainda com "intensas chuvas nas próximas horas. "Estamos realizando uma avaliação dos danos. Não há confirmação de vítimas fatais", explicou M. Shivari. Ao todo, 900 mil pessoas de 11 distritos de Orissa foram evacuadas de zonas consideradas perigosas. A tempestade provocou em sua passagem danos em plantações, estragos em residências e infraestrutura, interrupção do abastecimento de energia em várias áreas e interrupção de trens e voos.

Os danos nas plantações foram a principal marca do Phailin em Andhra Pradesh, onde as autoridades optaram em evacuar para lugares mais seguros cerca de 130 mil pessoas. "Muitos dos evacuados estão retornando ou farão isso amanhã", disse à Agência EFE o chefe da Comissão regional de Gestão de Desastres, T. Radha. Ao longo da semana, algumas fontes oficiais compararam a tempestade com o furacão Katrina, que em 2005 devastou os Estados Unidos. Essa previsão não se confirmou.

Desastres naturais estão ocorrendo numa intensidade cada vez maior no mundo, comprovam pesquisas. Ciclones, tornados, incêndios e estiagens prolongadas são apenas alguns dos desastres naturais que atingem vários países no mundo. Esses eventos causam danos irreparáveis e incontáveis prejuízos todos os anos. Na última década, os desastres naturais ocorridos em escala mundial causaram perdas calculadas em US$ 3,4 trilhões. O serviço Emergency Management tem analisado o impacto financeiro desses desastres e, junto com esse estudo, como os negócios e as famílias se preparam para enfrentá-los.

Em 2011, na região serrana do Rio de Janeiro, a maior catástrofe natural da história do Brasil, provocada por chuvas torrenciais, inundações, seguidas de desabamentos de encostas, deixou um saldo de 918 mortos e 166 desaparecidos. Nessa catástrofe, ficou evidente a falta total de gestão de riscos para desastres naturais. A região tradicionalmente nos meses de verão é castigada por chuvas, inundações e desabamentos de encostas.

Veja a reportagem completa da Time

Preparedness Helps India Combat Cyclone Phailin With Minimal Casualties

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Fonte: Emergency management

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