escola inglesaUma central de dados, contendo detalhes pessoais de oito milhões de estudantes da Grã-Bretanha está sendo alimentada, sem os pais tomarem conhecimento, por uma rede de empresas contratadas pelo Governo Britânico. A revelação foi feita hoje (11) em reportagem de Jon Ungoed, no Sunday Times.

A sociedade vigiada

Informações repassadas por professores sobre alunos, ao redor do país, estão sendo armazenadas até seis vezes ao dia, num centro de dados chamado “One” criado pela empresa Capita, uma companhia especializada em fornecer sistemas de Tecnologia.

Documentos vistos pelo Sunday Times revelam que o acesso aos dados – que incluem idade, sexo, endereço, desempenho escolar, absenteísmo, necessidades especiais e até mau comportamento, incluindo a exclusão – podem ser acessados por milhares de outros órgãos oficiais, como polícia, NHS (sistema de saúde britânico) e instituições de caridade.

A existência do database One, que já é usado por cerca de 100 autoridades locais, surgiu dois anos depois do projeto ContactPoint, um centro nacional de armazenamento de dados,  contratado pelo governo Trabalhista e contendo milhões de detalhes de crianças e adolescentes, ter sido abandonado pela coalizão anterior de governo, por causa das preocupações de segurança.

O mais grave do projeto é que a maior parte dos pais não foram cientificados dos detalhes das informações colhidas de seus filhos cada dia e que elas poderiam ser compartilhadas com outras agências, podendo ser guardadas indefinidamente. O Gabinete de Informação do Parlamento disse que iria examinar se o armazenamento de detalhes de informações pessoais compiladas no One iria de encontro às leis de proteção de dados.

O jornal britânico publicou junto com a reportagem um Editorial e pergunta: “Quando a quantidade de informação armazenada sobre pessoas, além do que seria aceitável, para o propósito de implantar políticas públicas, seria uma inaceitável intrusão na vida pessoal? Quanto, a rigor, deveriam as autoridades saber sobre nós?”

E continua: “Todos aceitam que apurar e colecionar alguns dados individuais é necessário. Mas os entes públicos são notoriamente ruins em compartilhar informação, muitas vezes com desastrosas consequências. Não está claro quanto de informação armazenada neste database é necessária. Mas está claro que muitos pais ignoram quando foi armazenado sobre seus filhos”.

A reportagem do SundayTimes também suscitou preocupações legítimas no Parlamento britânico sobre a inaceitável intrusão. O plano da parlamentar Theresa May de permitir à polícia e serviços de segurança monitorarem emails, telefones celulares e acesso à internet de qualquer cidadão britânico parece certamente ser torpedeado por um Comitê especial pré-legislativo do Parlamento Britânico e os pares, diz o Editorial.

Mais detalhes na reportagem de domingo, 11/10/2012, do The Sunday Times.

Foto: Graham Turner do The Guardian

 

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