Bush_entrevista Depois do “estupra, mas não mata” de Paulo Maluf e do “relaxe e goze” da Ministra do turismo, parece que as autoridades estavam tomando mais cuidado antes de falar de improviso. Mas o festival de frases infelizes que assola o país continua.

Agora o Ministro da Defesa escorregou feio na Bahia. Falando para cerca de 200 marinheiros e representantes de organizações não-governamentais, Jobim comentou que os baianos não gostam de trabalhar. “Não trabalhem demais, porque isso baiano não gosta - afirmou, dirigindo-se aos marinheiros e representantes de ONGs”.

Além de explorar um estereótipo, o que não é bom para um ministro, a declaração soa como preconceito e ofensa aos inúmeros baianos que suam a camisa no dia-a-dia. São declarações infelizes que acabam exploradas pelos adversários políticos e pela imprensa, além de mancharem para sempre a biografia do executivo.

Esse tipo de comportamento não é privilégio dos ministros. Recentemente o presidente da Philips fez outra declaração desastrosa sobre o estado do Piauí. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ao apoiar o movimento Cansei, afirmou que desejava remexer no marasmo cívico do Brasil: Não se pode pensar que o país é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado.

Além dos protestos de políticos, várias empresas do Piauí resolveram boicotar a venda de produtos Philips. Tanto a Ministra do Turismo, quanto o executivo da Philips se desculparam. Ele se ofereceu para ir ao Piauí pedir desculpas públicas. Pelo menos foi a forma de tentar consertar o estrago.

Além das declarações infelizes, podem ocorrer gafes. E políticos são campeões nesse caso. Ronald Regan, ex-presidente dos Estados Unidos, em discurso feito quando da visita ao Brasil, saudou o povo da Bolívia. O Presidente Bush também teve seu momento de bobeira. Na Austrália, em setembro, ele saudou as tropas “austríacas” ao se referir às tropas australianas. Um ex-Ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, caiu em 1994, porque foi pego fazendo inconfidências num microfone aberto da Rede Globo, no estúdio, antes de uma entrevista.

Logo após o acidente com o avião da Gol, em 2006, uma ex-diretora da Anac, questionada pelos passageiros, também teve seu momento infeliz, ao declarar:  “o avião caiu de 11 mil metros. O que vocês queriam? Corpos?“  

É uma sucessão de gafes que acabam entrando para o folclore nacional, porque as fontes não entendem que a mídia não perdoa. Qualquer declaração infeliz terá repercussão. Essas frases marcarão a carreira do executivo por muito tempo.

Qualquer autoridade ou dirigente de empresa quando fala com a imprensa ou em declarações públicas deve ser precavido. Não se empolgar. Tudo que for dito, por mais simples a frase, pode ser notícia, virar nota de coluna e acabar gerando polêmica. Raça, religião, diversidade sexual e outros temas explosivos não devem ser abordados.  Na dúvida, em entrevistas, é bom não brincar. Às vezes, a fonte relaxa, entra no clima informal da entrevista e acaba fazendo declarações infelizes. A auto-suficiência em relação à mídia é muitas vezes fatal para quem exerce cargo público.

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