CambridgeNesta semana, o Sindicato do Ensino Privado do RS – Sinepe realizou encontro de comunicação em Porto Alegre, para diretores, dirigentes e assessores de comunicação de escolas do estado. Além do marketing, um dos temas do encontro foi o gerenciamento de crises. Por que gestão de crises na pauta do encontro?

Apenas alguns exemplos. No início de setembro, em uma creche de Brasília uma estante com TV acabou virando em cima de uma criança de três anos. A criança tentou pegar o controle remoto, agarrando-se à estante, quando o conjunto desabou, quase atingindo também uma colega de cinco anos. A criança morreu.
Em Porto Alegre, em maio deste ano, estudante foi morto por colegas. Os pais acusam os assassinos de terem praticado <em>bullying</em> contra seu filho, na escola, o que o teria irritado e levado à briga. A USP, assim como outras universidades, teve a reitoria invadida por estudantes. Esses fatos negativos, que redundaram em crises, poderiam ser evitados? 

Crises desse tipo não são particularidades do Brasil. O ensino em todo mundo passa por momentos difíceis. A revolução digital e a crise econômica não mexem apenas com a gestão pública e as grandes corporações do mercado. As escolas também sofrem o choque das novas tecnologias, das novas gerações e dos efeitos da recessão mundial. Com as mudanças no ensino, aumentou também o risco de crises. As escolas em geral não estão preparadas para situações como essa. Ou pelo menos julgam que não irá acontecer com elas.

Nos Estados Unidos existem consultorias especializadas em gerenciamento de crises na área educacional, principalmente para crises ligadas à violência, atentados e situações de pânico. Ou calamidades públicas. O tema é levado muito a sério, a ponto de algumas universidades, como a do Estado da Louisiana (EUA), terem departamentos específicos sobre prevenção de crises.

Mesmo assim, pesquisa recente feita em escolas e universidades americanas mostra que muitos estabelecimentos nunca testaram planos de gerenciamento de crises. Apenas metade (54%) realizou testes dos planos de resposta às crises; 23% nunca o fizeram. O maior obstáculo para executar os testes, conforme a pesquisa, foram falta de tempo (67%), participação (43%), orçamento (43%) e extensão da segurança do campus (36%).

Mas por que testar planos de risco de crise? A pesquisa também constatou que 51% das escolas tiveram algum tipo de crise nos seus campus nos últimos dois anos; um terço dos respondentes tem baixa ou nenhuma confiança na habilidade de suas instituições executarem o plano num evento de emergência. Somente um quinto dos respondentes disseram que seus campus têm encontros anuais para brifar pessoas relevantes num plano de resposta à crise.

E aqui, o que levaria as escolas, tanto de nível fundamental e médio, quanto de nível superior, a se preocupar com ocorrência de crises?  Simplesmente porque nenhum estabelecimento está imune à crise e por não existir no Brasil uma cultura de prevenção para eventos graves. Os especialistas dizem que há dois tipos de escolas: “aquelas que enfrentaram uma situação de crise séria, e aquelas que irão enfrentar”.

As crises podem começar por uma greve, invasão de instalações, provocações a alunos e professores, agressões, crimes, atentados, assaltos. Podem acontecer no âmbito pedagógico: livros com conteúdo discriminatório; concursos ou provas que vazam. Podem envolver <em>bullying</em> ou trotes violentos, uma moda que infelizmente cresce no Brasil. Acidentes com crianças e adolescentes, assédios moral ou sexual, suicídios, agressões ou brigas. Pode ser invasão de instalações, casos de plágio, desvios financeiros e até vazamentos de imagens em redes sociais. Algumas crises não se pode prever.  Entretanto, como preconizam os fundamentos da gestão de crises, a maioria pode ser prevista. Aí que entra o gerenciamento de risco e a necessidade de diretores e dirigentes de escolas e universidades se debruçarem sobre o tema.

Vale para as escolas os mesmos preceitos que sempre se recomendam para as empresas: levantamento das vulnerabilidades (auditoria de crises); relacionamento amistoso com a mídia local; mensagens-chave preparadas com antecedência; sistema eficiente de informação sobre a escola e seus públicos; porta-voz preparado e disposição para sempre esclarecer tudo, além de rapidez de ação. O marketing é muito importante para a escola. Mas a preservação da imagem da organização depende também da sua capacidade para agir de maneira transparente durante uma crise. Esse pode ser o diferencial entre a escola que improvisa e fica à mercê dos acontecimentos. Ou aquela que pauta, em vez de ser pautada.

Foto: Universidade de Cambridge - Divulgação

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