The_wallTodos sabemos que a pressão da imprensa em situações difíceis tem levado governos, autoridades públicas, empresários e políticos a tomar atitudes erradas ou fazer declarações precipitadas.  O resultado quase sempre é um desastre.

Na pressa de atender às demandas da imprensa, que se torna arrogante e até mal-educada em certas ocasiões, as fontes entram num jogo perigoso para a reputação pessoal e institucional.

Quando a instituição passa por essas pressões, é preciso que os porta-vozes tenham tranqüilidade suficiente para ter o controle da situação. É nessas horas que surgem indiscrições, declarações fora de propósito, criando problemas políticos e de mercado.  A dica é não entrar no estresse da imprensa, se não tiver a convicção de que terá o controle absoluto da situação.

Assessores de imprensa estão acostumados com a abominável prática de alguns jornalistas de ligarem para as empresas perto do horário do fechamento. Em geral, com pauta complicada, que demanda pesquisa, conversar com várias pessoas e só então permite formar juízo para subsidiar a resposta. O timing do jornalista acaba  exercendo uma pressão sobre todo mundo, o que leva a respostas, muitas vezes, nem tão claras e até improvisadas.  

Não entrar no stress da imprensa é uma dica importante, portanto, para ter o melhor  controle da situação. Se o horário for realmente apertado, se as fontes não estão disponíveis, a saída é falar claro com o jornalista que ele ligou num horário impróprio e é impossível obter uma resposta satisfatória. A não ser em casos excepcionais, quando a pauta nasce de fatos acontecidos no fim do dia,  em situações normais as empresas não podem ficar reféns da pauta por conveniência do jornalista.  

Em outros casos, por descuido ou pressão, declarações publicadas geram polêmicas que prenunciam uma crise. Recentemente executivo de uma multinacional, empolgado num discurso em S. Paulo, teceu comentários desabonadores sobre o Piauí. Naturalmente veio a reação, ele desmentiu, mas testemunhas asseguram que ele realmente disse o que disse. Foi difícil administrar essa crise com o estado do Piauí, porque ela tomou um viés político, como se o Brasil se dividisse entre Sul e Norte. O governador e os empresários do Piauí pregaram um boicote aos produtos da empresa e o empresário teve que se retratar.

A votação do projeto da CPMF teve vários ensinamentos importantes sobre como agir em momentos conturbados e sob pressão, que podem levar a uma crise institucional. De um lado o governo, ministérios, tentando arrebanhar votos. De outro, os próprios parlamentares, empolgados com a visibilidade adquirida, fizeram o jogo para a platéia. O próprio Ministro da Fazenda, no calor da derrota, foi assediado pela mídia e anunciou um novo imposto, ainda a ser criado. Provavelmente, não combinou com o Presidente da República, porque no outro dia o presidente negou estudo ou intenção imediata de criá-lo. Ninguém vai fazer nada de modo precipitado, disse. Como se não bastasse o imbróglio da não aprovação da CPMF, a publicação das declarações do Ministro quase provocam uma outra crise. Como se sabe, a imprensa adora esse tipo de polêmica.  

O Ministério da Fazenda apressou-se em divulgar uma Nota à Imprensa, desmentindo as manchetes, afirmando que o Ministro não disse o que saiu publicado. O jornal O Estado de S. Paulo assegura que reproduziu corretamente essas declarações. O que se tenta, com a Nota do MF, é descaracterizar o desmentido do Presidente como um “pito” no Ministro da Fazenda, pela polêmica que a notícia gerou.  

Em resumo, pressões da pauta e declarações precipitadas são estopim de crise. O jornalista não tem o direito de impor pauta para cima da organização. Naturalmente, devem ser respondidas, mas com tempo, disciplina, respeito e ajuda mútua. O esclarecimento da pauta não pode ser uma disputa entre quem vai ganhar e perder. Em muitos casos, jornalistas inexperientes tentam intimidar a fonte com ameaças. Se a pauta já chega pré-concebida, com subterfúgios ou dissimulações, e até o uso do horário para pressionar a instituição, a assessoria deve chamar o jornalista à responsabilidade. E em ultimo caso registrar o seu comportamento com o editor, diretor de redação ou alguém da direção da empresa de comunicação. Em geral dá certo.

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