40 anos depois, maior crime industrial da história continua impune
Neste 3 de dezembro completou 40 anos o pior desastre industrial do mundo: o vazamento de gás ocorrido na noite entre 2 e 3 de dezembro de 1984 na fábrica de pesticidas americana Union Carbide, em Bhopal, na Índia. A planta industrial era uma unidade asiática da multinacional americana Union Carbide.
Leia mais...Até onde poderá chegar o poder de destruição da maior crise do século?
Às 15 horas de hoje (2 de março), o número de infectados passou de 1 milhão de pessoas em todo o mundo, quatro meses depois que a pandemia começou a aparecer na China, mais especificamente na cidade Wuhan. Isso significa dez vezes o número registrado há um mês.
Escrito por Marc Bassets*
O planeta, para um alienígena que aterrisasse hoje em dia, ofereceria uma imagem estranha, entre pacífica e perturbadora. Mais de um terço da humanidade está em casa, privado da liberdade de movimento, tão essencial e que todos tomamos por garantido. As ruas, vazias, como as estradas sem carros. Céu limpo sem aviões. As fronteiras fechadas. Os líderes? Trancados também e administrando o melhor que podem - cada um por conta própria, insanamente, quase sempre atrasado, apesar dos sinais - a maior crise que eles certamente terão que enfrentar em suas vidas. Os cidadãos? Confusos com o vírus que foi detectado na China em dezembro passado e que matou mais de 28.900 pessoas (1) e afetou cerca de 200 países. Angustiado por sua saúde e pelos vizinhos, e pela crise econômica que, segundo a unanimidade dos especialistas, está chegando. O mundo entrou em hibernação.
O Brasil entra na segunda semana em regime de quarentena, com as grandes cidades desertas. Educação, serviços, shoppings; atividades industriais e comerciais em sua maioria parados, no maior ou, talvez, no primeiro “lockdown” da história do País. Levará anos para se avaliar e dimensionar os efeitos dessa interrupção da vida social e econômica no Brasil e no mundo. Como se nosso dia a dia estivesse transcorrendo como um filme e ele fosse interrompido abruptamente por um “PAUSE”. Sensação de vazio, de impotência diante da ameaça do vírus, principalmente pelo que vem acontecendo em outros países, alguns com um bom sistema de saúde e acostumados a guerras, atentados e desastres naturais.
Análise da crise do Coronavírus
A Coreia do Sul tem sido apontada por todos os especialistas, epidemiologistas e demais médicos do mundo como um modelo de gestão da crise do coronavírus. Além da cultura oriental, sempre muito mais disciplinada do que a ocidental, a Coreia do Sul teve anos atrás outras ameaças, como as epidemias da Sars, Mers (2015), e até da zika. Pela proximidade da China, prevenção de doenças transmissíveis já se incorporou ao dia a dia do coreano. Esse foi um fator importante nas ações determinadas pelo governo para impedir a propagação do coronavírus.
O jornal britânico The Guardian publicou hoje um Editorial, onde chama a atenção para o risco de faltar liderança e o governo britânico perder o controle do combate ao coronavírus. Mais ou menos o que aconteceu na Itália. E alerta: "há mais riscos, do que parecerão retrospectivamente complacência e falta de preocupação com sacrifício igual do que o futuro político de Johnson". "O país precisa de liderança firme - e precisa agora." Muitos preceitos lembrados pelo The Guardian cabem como uma luva na crise brasileira do coronavírus.
O mundo sofre, em alerta total, uma crise na área da saúde, mas que tem impactos decisivos no âmbito econômico, politico e social. A forma como alguns países, sobretudo os mais desenvolvidos, estão administrando a crise do coronavírus poderá determinar o sucesso ou o fracasso de políticas públicas, com repercussão na economia e até mesmo na política.