A crise do INSS expõe a incompetência do Estado como gestor
O desvio bilionário de recursos dos aposentados, por descontos não autorizados nos salários, geridos por sindicatos, entidades associativas de aposentados, e até funcionários públicos ligados ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), é um dos maiores escândalos financeiros na área pública do país, nos últimos anos. O assalto aos salários dos aposentados evidencia a dificuldade dos órgãos públicos em geral, de fazerem uma gestão correta dos recursos públicos. Essa fraude escancara também a inépcia dos gestores em usar mecanismos de controle, que impedissem que organizações criminosas utilizassem métodos excusos para ingressar no sistema de pagamentos do INSS.
A abertura do sigilo da delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, junto com emails que teriam sido decifrados pela Polícia Federal, deixam a situação da presidente afastada (adjetivo legal, mas esquisito e humilhante) pior do que já estava. Esses dados que vêm à tona nesta semana acabam mostrando aquilo que a maioria dos brasileiros fala nos bastidores, a mídia tem o maior cuidado para endossar e os militantes negam: Dilma sabia de tudo o que de e'rrado acontecia na Petrobras.
Estamos nos aproximando dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro. Mas a expectativa de um megaevento, atraindo milhares de turistas, o que ajudaria a combalida economia da cidade, pode não se confirmar. A mídia internacional tem sido implacável em ridicularizar o Brasil, pelo momento político e econômico por que está passando. E o Rio de Janeiro, em particular, pelas sucessivas escorregadas que comprometem ainda mais a reputação da cidade para sediar um evento dessa magnitude.
Charles Fombrun, autor do livro Reputation*, usa a expressão “capital reputacional” para definir aquele capital intangível que uma corporação ou pessoa, seja na vida pessoal ou profissional, conseguiu construir ao longo da existência ou da carreira. O capital reputacional ou reputação é aquilo que os outros percebem em você ou na organização, como uma marca; não o que você ou a empresa acha que tem. Reputação não é uma fotografia do momento. É um ativo construído ao longo dos anos. Não adianta dizer “eu sou uma mulher honesta”, “eu não tenho nada a esconder”, “não há nada nas minhas palavras que me incrimine”. Isso não constrói nem ajuda a melhorar ou salvar a reputação.
Francisco Viana*
Sim, a recomendação é de Thomas Piketty e está em "O capital do século XXI". Ele diz textualmente: “ … Me parece que os pesquisadores em ciências sociais de todas as disciplinas, os jornalistas e comentaristas, os militantes sindicais de todas as tendências e, sobretudo, os cidadãos deveriam se interessar com seriedade pelo dinheiro, por sua medida, pelos fatos e pela evolução que o rodeia”. Piketty está preocupado com a concentração da renda, que desafia a gravidade, mas bem que poderia dar essa recomendação aos brasileiros. Nós precisamos fazer contas.
Danos causados pela cobertura da mídia sobre comportamento inadequado, trapaças, erros ou eventuais desvios de conduta cometidos pelo CEO podem afetar a reputação da empresa até cinco anos depois do início da crise, de acordo com um estudo da Universidade de Stanford, divulgado esta semana. Foram analisados 38 exemplos de altos executivos que cometeram algum tipo de irregularidade entre 2000 e 2015 e que acabaram demitidos ou afastados.
Qual o papel da diretoria numa crise? Uma nova pesquisa sugere que esse papel não é suficientemente bem compreendido e precisa de muito mais atenção. Um contato mais próximo com a sala da diretoria, principalmente em momentos decisivos para a empresa, mostra uma vulnerabilidade preocupante em torno de preparação e prevenção de crises.