
TENTAR, EU TENTEI Uma crônica para Luis Fernando Verissimo
Hayton Rocha*
O noticiário estampou em letras frias: Luis Fernando Verissimo, 88 anos, o maior cronista brasileiro vivo — e talvez também o maior entre os mortos, ouso dizer — estava internado no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O boletim médico foi curto: “estado grave, recebendo todas as medidas de suporte necessárias”. Em outras palavras: a medicina joga tudo o que sabe contra o tempo, mas o tempo não costuma perder tempo.
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As corporações procuram todas as formas de promover e preservar a imagem. Gastam fortuna todo dia. Por isso, estão atentas a fatos que possam gerar crise. Mas ainda teimam em cochilar e cometer gafes ou erros primários. Resultado: atrapalham-se e precisam ser rápidas para não mergulhar na crise. Quando tentam apagar o incêndio, nem sempre fazem da forma mais correta.
A crise do governo do Rio G. do Sul, centrada na pessoa da governadora, contribui para o desgaste não só da carreira política de Yeda Crusius, como afeta o desempenho geral da administração do estado.
Já está consagrado na gestão de crises. Elas não chegam de surpresa, como se pensava. Ao contrário, 95% delas, segundo especialistas, podem ser previstas. Por que, então, as autoridades brasileiras demonstraram surpresa quando tentam explicar o apagão, que escureceu 40% do território nacional nesta terça-feira?
Três universidades nos últimos dias demonstram como a academia vai na contramão dos tempos e dos costumes. A Unip oferece um mimo para os alunos a avaliarem de forma positiva no Enade. A USP se vê envolvida em denúncia de plágio e a Uniban - Universidade Bandeirante se superou. Expulsa aluna agredida pelos colegas, porque suas roupas seriam provocantes. O tempora O mores! diria Cícero, diante de tanta aberração.
Em janeiro, a frieza de um comandante americano que conseguiu pousar um avião com 154 passageiros em pleno rio Hudson, no centro de Nova York, surpreendeu o mundo. Ele demonstrou controle, frieza e, acima de tudo, grande capacidade de superar situações de crise. Por isso se transformou em herói.
As últimas semanas trouxeram à tona crises ou ameaças de crise com desgaste da imagem de instituições ou governos. Algumas denotam falta de controle ou planejamento das autoridades. Além do vazamento do Enem, com transtornos para milhares de estudantes e familiares, o Rio de Janeiro saltou das páginas esportivas para as policiais com a mesma rapidez com que os traficantes somem nos morros cariocas. O inquérito policial do acidente da TAM, que apontou os pilotos como culpados, não agradou aos familiares das vítimas.









