Consequencia da crise da PetrobrasCrises corporativas representam uma ameaça às organizações. E quase sempre provocam efeitos extremamente deletérios para os stakeholders, o próprio negócio, os resultados, a reputação e o futuro das corporações. Talvez o Brasil nunca possa dimensionar em toda a extensão o dano provocado pela atual crise da Petrobras, não apenas diretamente na empresa, mas em toda a cadeia de negócios que envolve as atividades da estatal.

Além das consequências negativas para a reputação da empresa e do país no exterior, o efeito cascata desse crime cometido contra a maior corporação brasileira e uma das maiores petroleiras do mundo, se irradia por centenas de outras organizações, até mesmo fora do país.

Pequenas e grandes empresas, que faziam negócios com a Petrobras, precisaram rever investimentos, suspender pedidos de matéria-prima, cortar empregos e a maioria delas não sabe o que acontecerá em 2015. Corte de investimentos, impostos não pagos, obras paradas, virando sucata, demissões em massa em estaleiros, empreiteiras, indústrias de plataforma e outros fornecedores, além dos problemas de caixa que fazem a empresa cortar investimentos, representam um prejuízo incalculável ao país.

Não bastasse tudo isso, a crise provoca um indiscutível efeito negativo sobre o mercado de capitais. Pequenos investidores foram prejudicados pela atuação da quadrilha, pilotada por diretores e gerentes da empresa, com a omissão dos órgãos controladores da empresa. Esses investidores ficarão arredios e dificilmente voltarão à Bolsa. Investidores internacionais se recolheram. Escritórios de advocacia dos EUA, representando investidores, acionam a Petrobras na Justiça por ter prometido o que não entregou. Levará muito tempo para a empresa merecer de novo a confiança de um mercado já ressentido pelas perdas com a crise econômica internacional.

A área contábil da Petrobras já deve ter se debruçado quanto ao efeito dessa megacrise sobre os resultados da empresa. Sabemos que o mercado, principalmente numa época de instabilidade econômica e num mundo também em crise, funciona muito na base da confiança e das percepções.

No momento, até pela demora do governo em tomar uma atitude decisiva sobre a crise da Petrobras, a percepção do mercado é extremamente negativa. Não há como explicar por que a presidente da República, na ausência total do ministro das Minas e Energia, demora tanto para dar um sinal positivo ou qualquer sinal. Deixar a empresa purgar uma crise durante nove meses, sem uma atitude sequer no sentido de resolvê-la.

Pelo contrário, as intervenções de ministros, dirigentes da Petrobras, e da própria presidente Dilma são evasivas, retóricas e desconstrutivas do discurso e das ações da Polícia Federal, do Juiz Sérgio Moro, do Ministério Público e das testemunhas. Vão mais no sentido de tergiversar, atribuir a outros ou a um fatalismo histórico do que assumir que errou, falhou nos controles, se desculpar e punir os culpados.  

Como diz o especialista em Crisis Management, Steven Fink, “na guerra entre percepções e realidade, a percepção sempre vence.” Num exercício simples, sem grande aprofundamento, apenas para ilustrar visualmente algumas das consequências da crise da Petrobras, foi possível selecionar cerca de 30 causas diretas extremamente perniciosas para o país e para a empresa.

Afinal, numa megacorporação em crise, em que o titular da área de Comunicação, como diz a Revista Veja (Radar, 24/12/14), não fala há meses com a presidente da empresa, Graça Foster, qual a esperança de que haja alguma luz no fim do túnel?

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Consequências da crise na Petrobras

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