Boston Herald bomPor mais que aconteça, é chocante. Menos de cinco meses do último atentado de um maníaco, os americanos choram novamente uma tragédia envolvendo inocentes. Psicopata armado invade uma escola primária em Newtown, Connecticut, a 96 km de Nova York, e mata 20 crianças e seis adultos. Uma tragédia anunciada, dado o histórico dos Estados Unidos.

Em julho, um franco-atirador matou 12 pessoas ao invadir um cinema no estado do Colorado. Ele foi morto pela polícia. Repetimos aqui o mesmo título do artigo de julho “Atentado mostra a insensatez de um país armado”. Porque o cenário de insegurança é o mesmo. Com 27 mortes, o de hoje é o segundo pior atentado em escolas americanas, só perde para o da Universidade Virginia Tech, em 2007, com 32 mortos.

O ataque de hoje (14) é mais chocante, porque atingiu uma escola primária, com crianças entre cinco e dez anos. O maníaco desta sexta-feira, Adam Lanza, 20 anos, carregava duas armas e vestia roupas pretas como se fosse uniforme de guerra. As armas eram legalizadas, registradas em nome da mãe do atirador. Uma arma foi encontrada no carro, fora da escola. Ele morreu no local. Houve certa confusão da imprensa com um irmão dele, detido, de 24 anos, e inicialmente dado como o atirador. O maníaco cometeu suicídio.

Adam chegou à escola às 9.30h, 30 minutos após o início das aulas. Apesar das medidas de segurança, sua entrada foi facilitada, porque era conhecido da escola, por ter estudado lá,  mas segundo as últimas informações ele teria forçado a entrada, até porque estava armado. As crianças foram encurraladas em duas salas de aula pelo atirador, segundo informantes. Crianças salvas que fugiram do atirador disseram que ele não disse uma palavra. Só atirava. Os pais das crianças foram alertados por mensagens de textos. A polícia encontrou o corpo da mãe do atirador na residência deles, ferida com um tiro no rosto. Ao contrário do noticiado, ela não era professora da escola. 

Estão matriculados 626 estudantes na escola, do Jardim de Infância ao 4º grau. A Sandy Hook Elementary School tinha 46 professores e administradores. Um dos adultos assassinados era a diretora da escola, de 56 anos, que morreu, segundo depoimentos, porque se interpôs entre o atirador e as crianças, tentando impedi-lo de atirar. Dawn Hochsprung, que há pouco tempo enviou carta aos pais, anunciando novas medidas de segurança para a escola, como identificação de estranhos após as 9.30h. Após a autópsia, foram identificadas as vítimas: 12 meninas e oito meninos, entre cinco e sete anos. As vítimas adultas eram todas mulheres, pertencentes ao staff da escola. 

obamaEm pronunciamento, no fim da tarde de sexta-feira, o Presidente Barack Obama, em lágrimas, disse: "Nosso corações estão partidos. Eles tinham toda uma vida pela frente: aniversários, formaturas, casamentos, seus próprios filhos..." O Presidente se disse chocado com o atentado e perdeu a voz por alguns segundos.

Diante dessa nova tragédia americana, vale repetir aqui, tudo que foi escrito há menos de cinco meses neste site, quando do massacre do Colorado. Nada mudou. Os EUA se negam a discutir desarmamento e fingem que essa crise não existe. O assunto passou ao largo da campanha presidencial. Como se apertar o cerco a estrangeiros nos aeroportos, viver com a obsessão por ataques terroristas e montar máquinas de guerra no exterior fosse mais importante do que proteger as próprias crianças de maníacos armados. É isso que os pais dessas crianças devem estar se perguntando nesta noite.

Leia o artigo que escrevemos em julho:

"Atentado mostra a insensatez de um país armado". 

Outros artigos ou notícias sobre a tragédia

O Globo: 'EUA fingem que ataque é um caso policial e não político', diz especialista

Huffington Post: Gun Control Reform is long overdue

Our dissociative relationship with gun violence - Michael Wolkowitz

The "Right to Bear Arms" is nota more important than a Child's Right to Grow up - Devon Corneal

 

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