Nos últimos dias a imprensa tem sido pródiga em produzir farto material com notícias negativas contra pessoas e instituições, dando nomes, cargos, registrando acusações que resultam de investigações da Polícia Federal e outros órgãos fiscalizadores.

Os nomes citados em graves acusações envolvem, de um lado, autoridades do Judiciário e em outra frente integrantes do governo em pleno exercício do cargo. Chega-se ao requinte de descrever reuniões, reproduzir gravações e até publicar recibo de depósito na conta corrente dos acusados.

A pergunta é: tão graves acusações merecem que tipo de reação? Elas envolvem a reputação de pessoas que até bem pouco tempo exerciam ou ainda exercem cargos de confiança nos dois poderes.

A receita é simples. Se a acusação é totalmente improcedente ou equivocada, como apregoam os advogados dos acusados, a reação tem que seguir aqueles preceitos básicos numa crise de imagem: ser rápida, objetiva e completa. É um tiro só. Não deixar margem a dúvidas. Não se deixa acusação infundada sem resposta. Se alguém foi acusado injustamente, deve reagir na mesma dimensão do destaque dado à matéria. Se a imprensa não der espaço ao contraditório, omitindo ou minimizando a resposta de quem é inocente, existem outros caminhos que podem chegar até a ação judicial.

Entretanto, o que se tem visto no caso das reportagens dos últimos dias são reações emocionais, sem sustentação e nas quais a mídia se limita a dar o outro lado apenas por dever de ofício, geralmente na voz de advogados que agora se transfiguram em porta-vozes dos acusados. A imprensa publica uma ou duas frases dos citados, dizendo que a acusação não procede e cumpre o ritual do direito de resposta. O problema é que a resposta é extremamente desproporcional às acusações. Tanto no espaço, quanto no conteúdo. Não tem sustentação, porque contradiz, em muitas matérias, provas materiais, gravações, depoimentos de testemunhas ou acusadores. Em alguns casos, virou rotina dizer: só vai se pronunciar depois que for notificado.

Não se vê uma nota contundente, não se vê uma entrevista séria e coordenada em defesa dos acusados. Todos os dias aparece mais um processo do TCU, da CGU que vaza para a imprensa. O leitor pensa que é uma suíte do anterior; mas não. É uma nova acusação. E assim sucessivamente.

Ou a imprensa está brincando de denunciar, sem ter ainda a completa apuração, ou as pessoas acusadas estão apostando na impunidade, na certeza de que passada a onda, entre um escândalo e outro, a sociedade e a imprensa esquecerão tudo. O jornalismo está cumprindo sua parte em publicar todas as informações sobre os fatos, com graves denúncias da própria Polícia Federal ou do Ministério Público contra pessoas e empresas. Exageradas ou não, as notícias dão a dimensão do que vem acontecendo no País. Mas as respostas dos acusados são pífias, para não dizer inconsistentes e até ridículas, deixando sempre no ar a dúvida de que a notícia pode até incorrer em exageros, mas contém suficiente ingrediente negativo para detonar muitas carreiras e reputações para o resto da vida.

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