Jornais-150909O jornal britânico The Guardian tem promovido, desde o ano passado, uma série de encontros com jornalistas da redação e convidados para discutir a transição do jornalismo tradicional e os desafios da web. O ciclo de conferências “O futuro do jornalismo”, se volta cada vez mais para as dificudades de convivência do jornalismo com a nova realidade da internet.

Desde o advento da televisão, o jornalismo impresso não enfrenta um dilema tão grande  no seu negócio como tem acontecido com a internet. Os grandes jornais continuam num impasse. Revolucionaram o jornalismo, criaram belos projetos gráficos, modernizaram os parques de impressão, investiram em tecnologia e profissionais, mas mesmo assim continuam perdendo leitores. E a publicidade parece não acreditar na efetividade dos jornais.

Quase todos os dias  jornais tradicionais ou grandes grupos de mídia anunciam fechamento de edições impressas, como medida de economia, tentando sobreviver no conturbado mercado das comunicações.

No ano passado, na realização da primeira conferência do The Guardian, o  professor Jonathan Zittrain, da Universidade de Oxford, participou de um debate com vários jornalistas sobre  o futuro da internet e a relação com o jornalismo. Zittrain explicou que qualquer que seja o caminho seguido pelo jornalismo, a influência e a cultura da internet tomarão sempre um papel decisivo.

No seminário desta semana,  foi apresentada pesquisa com a visão dos jornalistas sobre as contribuições feitas por usuários da web. Elas mostram que muitos profissionais não levam a sério essa participação. Consideram-nas  mais como uma distração, do que uma ação de jornalismo. O resultado foi apresentado na Conferência realizada na Universidade de Cardiff.

As pesquisas levaram em conta os comentários dos usuários e incluiu também vídeos clips e fotos submetidas às organizações de notícias. Segundo Jane Singer, da Universidade Central de Lancashire, os jornalistas ainda sentem fortemente que eles precisam ser os gatekeepers daquele conteúdo, e existem habilidades que o público em geral não possui capacidade para processar. Eles acreditam que em muitos casos, as contribuições prestam um desserviço aos leitores e às marcas dos jornais. Os jornalistas foram enfáticos em desdenhar da participação dos leitores e em asssegurar que este conteúdo não substitui o trabalho deles.

Mas Singer também notou que os jornalistas sentiram que a relação com o conteúdo dos usuários estaria tomando o tempo de outras atividades que eles deveriam fazer. Ela pediu também para os jornalistas elegerem o conteúdo do usuário que eles consideram válido. O top foi eventos comunitários, seguido da cobertura de esportes jovens. Também foram apreciados o tráfego e reportagens de viagens, bem como cobertura de eventos comunitários.

Preocupados com essa nova realidade, alguns grupos de media estão investindo para explorar esse conteúdo on line, porque os tempos são outros. A BBC tem um time de 23 jornalistas que estão baseados na sala de redação e processam 20 mil e-mails por dia.

“Agora, todos os dias há um time de jornalistas monitorando redes sociais em busca de novas histórias, indo para onde a conversação ocorre, em vez de ficar esperando por ela. O hub tem uma redobrada atenção de como a mdia social trabalha, e está tentando envolver o restante da BBC  para seguir isso.

Embora o jornalismo web esteja crescendo em volume e importância, os grandes grupos de mídia mantêm a hegemonia na produção de notícias. Pesquisa recente feita nos EUA, constatou que uma notícia de impacto é reproduzida pelos sites de noticiosos ligados a grandes conglomerados de mídia, pelo menos duas horas e meia antes que circule na internet. Ou seja, a não ser em casos esporádicos, os grandes furos e as grandes reportagens se oiginam na grande mídia. Comentários e reproduções em blogs, sites de relacionamento  não chegam, ainda, a arranhar esse poder.

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