Boeing 737 MasProblema elétrico do Boeing 737 MAX afeta alguns aviões do modelo e a crise da Boeing com esse avião parece não ter fim.

Algumas crises começam, duram algum tempo e não terminam rapidamente. Quando envolvem uma marca, por mais forte que seja, acaba produzindo um desgaste difícil de reparar, no futuro. De certa forma, são crises intermináveis. É o que está acontecendo com a Boeing, em função do labirinto em que entrou o modelo 737 MAX, lançado como a grande esperança da empresa para reverter perdas nos últimos anos. Poucos meses depois de retornar aos céus, o problemático jato da Boeing enfrenta outro revés.

Todos lembram a crise que começou lá no fim de 2018 e se intensificou no início de 2019, com a queda de dois Boeing 737 Max. O primeiro avião, da da Lion Air, caiu na Indonésia, em outubro de 2018, matando 186 pessoas. Não demorou e o segundo avião do mesmo modelo caiu em março de 2019, ao decolar o aeroporto de Addis Abeba, capital da Etiópia. Era um 737 MAX da Ethiopian Airlines. Morreram no acidente 157 pessoas. E as causas das duas quedas, apuradas com as gravações das caixas-pretas e um longo processo de investigação, mostram muita semelhança entre os dois acidentes. Pior: um defeito na sustentação do avião, todos eles novos, que impediram os pilotos de controlar os aparelhos.

Nesta semana, a Boeing anunciou que as entregas de novos jatos permanecem congeladas e que determinados modelos do 737 Max precisam ser revisados. A Boeing disse na sexta-feira (16) que notificou 16 companhias aéreas e outros clientes sobre um potencial problema elétrico com o Max e recomendou que parassem temporariamente de voar alguns aviões.

A decisão joga mais carga de desconfiança sobre o modelo de avião, podendo afetar o planejamento das empresas aéreas para o fim do ano. Em função desse novo chamado, as inspeções contínuas forçam as companhias aéreas a reorganizar as operações, num momento em que a aviação nos Estados Unidos e na Europa começa a se recuperar, pela possibilidade de um aumento da demanda por viagens curtas, com o enfraquecimento da pandemia. A Boeing se recusou a dizer quantos aviões 737 Max foram afetados, mas quatro companhias aéreas dos EUA disseram que parariam de usar quase 70 jatos Max. Um enorme prejuízo para a Boeing e as empresas.

O novo problema do avião

O potencial problema elétrico que levou as companhias aéreas a retirar dezenas de jatos 737 MAX de serviço, na semana passada, afeta mais áreas da cabine de comando da aeronave do que se conhecia anteriormente, disse a Boeing Co. na sexta-feira, dia 15.

A gigante aeroespacial disse na semana passada que operadores do MAX iriam inspecionar seus jatos em busca de um potencial problema elétrico que foi identificado durante a montagem de um avião em Seattle (EUA). O problema de fabricação, que a Boeing agora diz que afeta componentes em alguns locais, precisará ser tratado em cerca de 90 jatos em frotas de companhias aéreas, bem como em muitos aviões não entregues.

As companhias aéreas estão ansiosas para colocar seus jatos MAX de volta em serviço à medida que se preparam para um verão agitado, mas as operadoras disseram que conseguiram se virar sem os aviões, substituindo-os por outros jatos. Ainda assim, o defeito recém-descoberto ameaça minar os esforços das companhias aéreas e da Boeing para restaurar a confiança dos passageiros na aeronave. Esse desafio surge no momento em que a fabricante de aviões também está trabalhando para resolver os problemas de qualidade que afetaram alguns de seus outros jatos comerciais e militares.

O problema divulgado na semana passada envolveu o caminho de aterramento elétrico para a unidade de energia em espera, em certos sistemas eletrônicos no avião. Uma mudança na forma como essa unidade foi instalada, durante a produção, no início de 2019, poderia ter interrompido esse caminho de aterramento; em algumas circunstâncias, isso pode afetar a forma como a fonte de energia reserva opera, disseram a Boeing, a Federal Aviation Administration e as companhias aéreas, na semana passada.

O especialista em aviação, Omar Daniel, admite que para as companhias aéreas em fase de retomada de voos com esse tipo de aeronave, impedidas de voar por 20 meses até dezembro de 2020, após os acidentes, essa nova crise é catastrófica, tanto para a imagem, quanto para o quesito segurança. "O modal aéreo deve primar pela segurança, sempre. Fator normalmente olhado com desconfiança pelos passageiros. Muitos deixarão de voar em empresas aéreas que tenham nas frotas aviões com esse histórico de acidentes. Vão optar por outras que não utilizem o modelo. Isso é muito ruim para a Boeing e para qualquer empresa aérea que tenha esse avião nas frotas. Aliado a tudo isso, na pior crise da aviação, desde o 11 de setembro, o que vemos é um cenário muito ruim para essas empresas", diz.

A American Airlines colocou o 737 MAX da Boeing de volta ao ar, com passageiros. no fim de dezembro em um voo Miami-Nova York. Foi a primeira vez em quase dois anos que o MAX transportou passageiros nos EUA. A nova crise do 737 MAX atinge também a brasileira Gol. A empresa é a única no país a usar o modelo da Boeing, uma aposta forte para reduzir custos. A Gol informou ao mercado que o novo problema, surgido agora em abril, afeta apenas uma aeronave da Companhia. Os aviões foram adquiridos em 2018, e o modelo teve os voos proibidos em março de 2019, após o acidente com a Ethiopian Airlines.

Após mais de um ano proibido de voar, os voos com o 737 Max foram liberados no fim de 2020. A companhia brasileira retomou os voos em dezembro passado. Ainda não ficaram totalmente claras as causas dessa nova paralisação de alguns modelos do 737 Max.

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