A manchete do New York Post é chocante. "Número de socorristas e outros com câncer ligado ao 11 de setembro dispara para quase 50.000". Essas pessoas foram diagnosticadas com cânceres associados às toxinas liberadas nos ataques. O número de mortos pela doença (3.767 até agora) supera o de vítimas fatais daquele dia do atentado (2.996).
Sim. O jornal americano se refere aos sobreviventes, socorristas, voluntários ou feridos que tiveram contato com o pó tóxico da explosão, após incêndio e queda das torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. É o tipo de crise que não acaba, pelas consequências graves que perduram, durante anos.
"O número de socorristas e outros diagnosticados com cânceres ligados ao 11 de setembro disparou para 48.579 — um aumento impressionante de 143% em cinco anos, mostram os dados mais recentes do Programa de Saúde do World Trade Center.” Existe um programa de saúde nos EUA exclusivo para as vítimas da tragédia do WTC.
"Câncer de pele, próstata e mama lideram a lista, juntamente com melanoma, linfoma, leucemia e cânceres de tireoide, rim, pulmão e bexiga — que se acredita terem sido desencadeados por toxinas no Marco Zero e no aterro sanitário Fresh Kills em Staten Island. O aumento do câncer é atribuído, em parte, ao avanço da idade da população de socorristas no Marco Zero — a maioria agora na faixa etária de 50 a 60 anos”, segundo o The Post.
Doenças seriam provocadas por nuvens tóxicas, que espalharam amianto, sílica, metais pesados e fumaça cancerígena por meses. De acordo com os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA), o colapso das Torres Gêmeas liberou partículas que permaneceram em Manhattan e no Brooklyn por semanas. Além disso, incêndios que seguiram ativos até dezembro de 2001 continuaram a soltar gases até 2002, segundo reportagem do UOL.
Cerca de 400 mil pessoas foram expostas em graus variados aos contaminantes, incluindo os 6 mil feridos em consequências dos incêndios e da queda das torres. Trabalhadores, estudantes, moradores e socorristas respiraram e tocaram resíduos tóxicos diariamente. Os efeitos nocivos da explosão e da queda das torres permaneceram no ar durante mais de um ano, naquela região.
Passados 24 anos da tragédia, famílias de vítimas de câncer lutam por benefícios. Algumas famílias ainda querem o reconhecimento, após a morte de seus entes queridos por câncer, que acreditam estar ligado ao 11 de setembro, mas que o governo federal não reconhece como tal”, segundo o New York Times.
“Sabemos que a população está envelhecendo, então podemos prever que o número de cânceres aumentará”, disse o Dr. Steven Markowitz, especialista em medicina ocupacional do Queens College, ao New York Post.
Além disso, "o Programa de Saúde do WTC teve um aumento significativo nas inscrições desde 2017, com 2024 sendo "um ano recorde" para o maior número de novos membros — mais de 10.000 — até o momento", disse um porta-voz dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) ao The Post.
O atentado de 11 de setembro e a gestão da crise
Reproduzimos aqui artigo publicado em 2016, nesta página, quando se completaram 15 anos do atentado. Esse artigo, além de fazer uma espécie de raio X do maior ataque aos EUA, em tempo de paz, tenta responder à pergunta: como os americanos conduziram essa tragédia, sob os preceitos da gestão de crises? Seria esse evento um "Cisne Negro"*, na acepção do autor, ensaísta e estatístico Nassim Taleb, no seu famoso livro "A lógica do Cisne Negro: o impacto do altamente improvável"?
Um país sempre preparado para a guerra, para o confronto, experiente em conflitos em outros países, aparelhado desde os tempos da Guerra Fria para reagir a qualquer ataque dos inimigos do Oriente. Assim eram os Estados Unidos até 11 de setembro de 2001. Por que falhou? Como foi possível 19 terroristas se apossarem e controlarem quatro aviões, dispostos a usá-los como bombas para atacar alvos estratégicos, dentro do território americano?
O artigo aborda o planejamento do ataque, a sucessão de erros das autoridades, como se não estivessem preparados para um atentado dessa magnitude; falhas no sistema de defesa e até o despreparo militar para prever, amenizar ou reprimir a agressão.
O que aconteceu à grande potência bélica mundial, a mais poderosa máquina de guerra do planeta?
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O atentado de 11 de setembro e a gestão de crise
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