Haiti terremotoSe até hoje o Haiti não conseguiu se recuperar do terremoto, de 2010, que atingiu o país mais pobre da América, e matou entre 200 a 250 mil pessoas, o furacão Matthew, que chegou ontem ao país e ameaça também várias regiões dos Estados Unidos, pioram a situação de calamidade. Até a tarde desta sexta-feira, 842 mortos foram registrados no Haiti e muitas regiões ficaram isoladas; talvez nunca se saiba o número exato de vítimas, porque o acesso está totalmente bloqueado. Com isso, o Matthew já se tornou a pior tragédia daquele país, após o terremoto.

Com sistema de água e energia comprometidos, inúmeras pontes destruídas e comunicações interrompidas, a escala de devastação do país ainda não foi de todo avaliada, dizem as autoridades estrangeiras. Segundo moradores da periferia das cidades, a velocidade com que a chuva e a água atingiram as casas foi tão grande que muita gente não conseguiu sair ou salvar os próprios pertences antes de tudo ser inundado.

Muitas vítimas foram mortas pela queda de árvores, detritos e pelo transbordamento de rios, quando o Matthew chegou, trazendo ventos de 145/h na noite de terça para quarta-feira.

A maioria das mortes foram em cidades e vilas de pescadores em todo o extremo ocidental da península de Tiburon, no sul-oeste do país, uma região de praias de areia branca do Caribe.

O furacão Matthew, a mais feroz tempestade a afetar os Estados Unidos desde a super-tempestade Sandy, que atingiu o nordeste do país, há quatro anos, provocou evacuações em massa ao longo da costa da Flórida e também na Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte. Na noite de sexta-feira, 7, as informações é que a tempestade chegou a essas regiões com menos intensidade do que a esperada.

O Presidente dos EUA, Barack Obama, pediu às pessoas para não relutarem em aceitar e seguir as instruções de segurança, por se tratar de uma tempestade que pode ser o mais grave a atingir o nordeste da Flórida em mais de 100 anos.

"Eu só quero enfatizar a todos que este ainda é um furacão muito perigoso, que o potencial de tempestade, e perdas de vida existe, além de danos materiais graves", disse Obama a jornalistas após uma reunião com os funcionários de departamento de gestão de emergências.

Perigo do cólera

No Haiti, uma das maiores preocupações é que o furacão Matthew possa provocar um aumento na epidemia de cólera que matou quase 10 mil haitianos desde que foi inadvertidamente introduzida no país por soldados da ONU, após o terremoto de 2010. Para prevenir o efeito das péssimas condições sanitárias, as ONG e outros organismos internacionais estão distribuindo sabão, pastilhas de cloro e kits de higiene para as áreas mais vulneráveis. Além da emergência de socorrer as vítimas que ficaram feridas ou desabrigadas com a passagem do furacão, as autoridades internacionais precisam correr para evitar que o pós-crise desse desastre natural no Haiti se transforme numa outra catástrofe de saúde pública.

Nos últimos anos, os climatólogos têm alertado que os desastres naturais estão aumentando em intensidade e se tornando mais caros. Desde o tsunami e terremoto que atingiram o Japão em 2011, a recomendação tem sido para ações que minimizem o efeito desses desastres naturais antes da chegada. Porque a maioria já pode ser previsto. Inundações, terremotos, tsunamis, incêndios, como aconteceram na California, este ano; e seca, como a que atingiu, além da California, México, também várias regiões do Brasil, são fenômenos naturais que precisam de ações de prevenção cada vez mais avançadas.

Somente a super-tempestade Sandy, que atingiu a costa leste dos Estados Unidos, em 2012, destruiu cerca de 650 mil residências e o custo de recuperação chegou a US$ 50 bilhões. E deve-se levar em conta que foi uma tempestade com um gerenciamento de risco muito bem feito, com um número pequeno de vítimas fatais (pouco mais de 100) e com um esquema de evacuação de milhares de pessoas das zonas de risco, antes da chegada dos ventos.

Os países mais pobres da América Latina, Ásia e África são os que mais sofrem os efeitos desses desastres. Eles não têm a cultura da prevenção e nem recursos que possam ser empregados em treinamento e medidas de gerenciamento de risco. O resultado quase sempre é tremendamente negativo. E os prejuízos incalculáveis.

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