crise a encruzilhada do chefeSe alguém esperava que a semana passada fosse abafar a crise no Brasil e no exterior, errou feio. Agravado pela prisão de José Dirceu, o cenário político piorou. E com ele o cenário econômico não para de colecionar notícias ruins. A indústria que não deslancha. A inflação que continua já a perseguir os mais pobres. Além de uma contínua ameaça de crise institucional, em que não faltaram sequer notas de coluna especulando se Dilma teria rascunhado a “carta de renúncia”.

Boatos, não há dúvida, são apontados como a mídia mais antiga das crises. E agora com a Internet, blogs, redes sociais nunca se sabe se o que circula nas redes e aplicativos de celular são fatos verdadeiros ou mera especulação. Por isso, sempre é bom conferir em mais de duas fontes, pelo menos. Basta ver o que aconteceu com a notícia de uma "conta bancária" do jogador Romário, no banco suíço BSI, em que a revista “Veja” embarcou, e teve que fazer um “mea culpa” pra lá de culposo neste fim de semana. Esse é o perigo de se embarcar numa paranoia de notícias negativas como se o Apocalipse estivesse para acontecer no próximo dia 16.

Que o Brasil vive um das crises mais graves dos últimos anos, quase todo mundo sabe. Que o governo e certa militância fanática tenta negar, também é um fato. Mas criar uma rede de boatos para mostrar um certo poder de "ter informação" não é uma boa prática nesses momentos. Deve-se ler e ouvir colunas com a devida precaução, fazendo uma leitura serena e criteriosa do cenário. Há uma plêiade de comentaristas, colunistas e autoridades que têm análises bastante consistentes.

Aqueles que tentam desconstruir o discurso da crise, mais por interesse político do que patriótico, ou são incompetentes, porque não conseguem negar os fatos; ou são fanáticos que acreditam ainda na vinda de D. Sebastião.

No exterior, a crise dos imigrantes parece ser o único assunto a ocupar a agenda dos governantes das grandes potenciais europeias nas últimas semanas. Como se nada acontecesse na Europa a não ser a onda de imigrantes africanos que tentam chegar à Itália, numa viagem suicida. Ou outros que vêm da África ou Ásia e tentam furar o bloqueio no acesso à Inglaterra pelo Canal da Mancha.

A ONU alertou semana passada que toda essa pressão do Reino Unido e da Alemanha sobre milhares de refugiados que se aglomeram no porto de Calais, na França, tentando passar pelo túnel do Canal da Mancha, contém grande dose de discriminação. A imigração é hoje o maior problema dos países desenvolvidos, dizem as pesquisas, deixando a crise econômica e a saúde para segundo plano.

Seria o fim do mistério?

A grande novidade da semana também foi o aparecimento de vestígios de um avião no litoral da Ilha francesa de Réunion, no Oceano Índico, próximo às costas de Moçambique, na África. Os primeiros exames comprovam que parte da asa e alguns assentos são de um avião Boeing 777. O ministro da Malásia confirmou no fim de semana que os vestígios são do MH370 - Boeing da Malaysia Airlines que desapareceu no dia 8 de março de 2014, na rota Kuala Lumpir-Beijing com 239 pessoas a bordo, sem que até hoje haja notícias ou vestígios desse acidente.

Até agora era uma dos maiores mistérios da aviação comercial de grande porte, no mundo. Após meses de procura e gastos de mais de US$ 100 milhões, as buscas foram suspensas.

Parentes de passageiros na China, país de onde era a maioria dos ocupantes do avião, reagiram às notícias do achado, dizendo “não acreditar nessas últimas informações, porque as autoridades e a empresa têm mentido para nós desde o início”.

Eles postaram nas redes sociais um comunicado dizendo “Todos os parentes das vítimas do MH370 têm sérias dúvidas” sobre o anúncio do ministro da Malásia. Muitos ainda acreditavam que seus parentes estivessem vivos. Técnicos franceses que examinaram os destroços disseram “ter grande possibilidade” de que seja do MH370. Mas não quiseram ainda confirmar a informação. Ou seja, o mistério e a dor dos parentes continuam.

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